A FORMAÇÃO DOS FUTUROS PADRES: DIMENSÃO ESPIRITUAL

A formação de um padre não é uma tarefa simples. Durante o seminário, na etapa inicial de formação, além do período propedêutico e da exigência de dois cursos universitários – a filosofia e a teologia – os seminaristas recebem uma intensa formação que visa seu crescimento integral humano e cristão, e, por consequência, sua configuração com a imagem de Jesus Cristo, o Bom Pastor, aquele que é o modelo de todos os presbíteros.

Visando esta configuração e o envolvimento máximo de cada seminarista ante as exigências do processo, a Igreja propõe, através dos documentos sobre a formação, algumas dimensões que devem ser trabalhadas de forma integrada pelo candidato, acompanhado pelos responsáveis pela formação. Elas se dividem em: dimensão espiritual, dimensão humano-afetiva, dimensão intelectual, dimensão pastoral-missionária e dimensão comunitária.

Embora seja clara a importância dada a todas essas dimensões na formação integral do futuro presbítero, é importante observar que uma das mais presentes na vida do seminarista, e que mais deve ser zelada desde a formação inicial, e continuar após esse período, na vida do padre, é a dimensão espiritual.

A dimensão espiritual compreende o alimento e sustento da comunhão do candidato com Deus e com seus irmãos; é através dela que se trabalhará a docilidade do coração aos apelos do Espírito Santo, que se facilitará a aproximação da pessoa com a resposta ao chamado a ser como Jesus, e doar sua vida por amor.

Diz o parágrafo 102 do documento “Dom da Formação Presbiteral”, da Congregação para o Clero, em sua última versão lançada em dezembro de 2016: “O centro da formação espiritual é a união pessoal com Cristo, que nasce e alimenta-se de modo particular na oração silenciosa e prolongada. Através da oração, da escuta da Palavra, da participação assídua nos sacramentos, na liturgia e vida comunitária, o seminarista fortifica o próprio vínculo de união com Deus, à luz do exemplo de Cristo, o qual tinha como programa de vida fazer a vontade do Seu Pai.”

Pensando nesta necessidade de oferecer inúmeras formas de fortalecer a dimensão espiritual do seminarista, o seminário dispõe de muitos momentos específicos dedicados à espiritualidade.

No Seminário São José, de nossa diocese, onde vivem os dez seminaristas nas fases da filosofia e da teologia, é celebrada diariamente a Eucaristia, pela qual se deve aumentar gradativamente o amor e a consciência de que ela é alimento espiritual do cristão, e que a comunhão deve propiciar o amadurecimento do sentido de comunidade e da fraternidade em que se vive.

É também comunitariamente realizada a oração da Liturgia das Horas, oração da Igreja, que é caminho para a adoção do hábito do frequente estado de oração nos diversos períodos do dia e da vida do cristão, principalmente daquele que se coloca no processo de formação presbiteral.

Além dos momentos de oração comunitários, os seminaristas são animados a cultivar momentos pessoais de encontro com o Senhor, seja através da prática da Lectio divina, a leitura orante da Bíblia, mantendo contato com a Palavra do Senhor presente nas Escrituras, de momentos de adoração ao Santíssimo Sacramento, ou mesmo através de orações e momentos de devoção pessoal aos Santos e à Virgem Maria, Mãe da Igreja e modelo de serviço a Deus.

É oferecida aos seminaristas a Direção Espiritual, importante acompanhamento espiritual que se faz através de formações e atendimentos pessoais realizados pelos padres responsáveis pela direção de cada grupo específico. Em nosso seminário a direção espiritual dos seminaristas da filosofia fica a cargo do Padre Wellington Gustavo de Souza, e a dos da teologia, do Padre Alexandre Pereira.

Através da direção espiritual os seminaristas são capazes de reconhecer em si mesmos virtudes e dificuldades, e de traçar um caminho de crescimento espiritual e aproximação com o Senhor através da oração e da vivência dos sacramentos, sobretudo a Eucaristia e a Reconciliação.

Vale salientar que a dimensão espiritual não se resume apenas às práticas de oração e busca dos sacramentos, mas implica na assimilação dessas práticas e da mensagem do Evangelho na vida de cada um, através das práticas de caridade, das obras de misericórdia, da valorização da pobreza cristã, na opção preferencial pelos pobres e na interiorização de um estilo de vida mais simples, desprendido e totalmente pautado pela vida de Jesus, aquele que é o modelo do jovem que se sente chamado ao presbiterado.

Que o Senhor inspire cada vez mais jovens a seguir o seu chamado. Aos que já estão no processo de formação do seminário, que Ele fortaleça a cada dia e dê perseverança, e que, através da dedicação diária à dimensão espiritual, cada seminarista possa generosamente deixar seu coração ser transformado no coração do Bom Pastor.

Aluã Rosa, seminarista do primeiro ano de Teologia

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