A vida presente deve ser vivida como expectativa e preparação da futura. É inútil indagar quando será “o dia do Senhor”, isto é, a volta gloriosa de Cristo, pois ele virá de improviso, “como um ladrão, de noite”. A imagem pode ser aplicada tanto ao fim do mundo como ao fim de cada homem. De tal momento, só uma coisa é certa: ele virá com certeza! Quando e como será, só Deus o sabe. Daí a necessidade de vigilância e, ao mesmo tempo, do confiante abandono às disposições divinas.
Quem só pensa em gozar da vida como se jamais tivesse de morrer, verá, de repente, cair sobre si a ruína, justamente quando se julgava em “paz e segurança”. Os que, ao contrário, como verdadeiros “filhos da luz”, não esquecem a brevidade da vida terrena e vigiam à espera do Senhor, nada terão a temer.
A 1ª leitura apresenta um exemplo concreto disso, traçando a figura da mulher virtuosa, dedicada à família, fiel aos deveres de esposa e mãe, diligente no trabalho, caridosa com os pobres. Embora a mulher de hoje viva frequentemente dividida entre o lar e a profissão, seu dever fundamental continua a ser o cuidado da família, a dedicação ao marido e aos filhos, a solicitude para que encontrem em casa um ambiente confortável, repleto de amor. A beleza e a graça são coisas que passam, somente a virtude é a base da felicidade da família e é louvada por Deus. Tal mulher merecerá ouvir, no fim da vida, as palavras de Jesus ao servo fiel que não desperdiça a vida em passatempos ou ociosidade, mas administra com amor inteligente os dons recebidos de Deus: “Muito bem… entra na alegria do teu Senhor”.
Deus distribui seus talentos a todos os homens. Não é injusto ao distribuir seus dons em medidas diversas, já que dá a cada um o suficiente para a salvação. O importante não é receber muito ou pouco e sim, administrar bem os dons recebidos. É falsa humildade não reconhecer os dons de Deus, e é negligência deixá-los inativos, como o servo mau que enterrou o talento. Deus exige na proporção que deu. Aliás, a quem mais deu, mais pedirá. Na prestação de contas, cada um será tratado conforme as próprias obras. Castigo para o servo mau, louvor e prêmio para os fiéis, que recebem recompensa imensamente superior aos méritos! Com as palavras “Entra na alegria do teu Senhor”, Deus admite os servos fiéis à comunhão de sua vida e felicidade eternas! Tal recompensa, embora exija a fidelidade do homem, é infinitamente superior a seus méritos.
Gabriel de Santa Madalena (Intimidade Divina)
Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (19.11.17 – 33º Domingo Comum)