Artigos de Liturgia, n. 21; Maio de 2017
Diácono Rafael Spagiari Giron
Assessor da Pastoral Litúrgica Diocesana
Queridos irmãos e irmãs, filhos amados de Deus!
No artigo anterior pudemos refletir sobre o Sacramento da Reconciliação, no qual celebramos nossa união com Deus após o arrependimento dos nossos pecados. Hoje iremos refletir sobre o Sacramento do Matrimônio, momento único na vida do ser humano, no qual ele se decide por compartilhar sua vida com outra pessoa, de modo que “já não são dois, mas uma só pessoa em Cristo”.
Encontramos na Sagrada Escritura diversas referências à união matrimonial entre homem e mulher. De modo especial, também encontramos citações nas quais Deus abençoa essa união: Gn 1-3; Mc 10, 11; Lc 16,18; 1 Cor 7, 10s. Para São Paulo o esposo representa Cristo e a esposa representa a Igreja (Ef 5, 21-33); por isso, as relações entre o homem e a mulher devem reproduzir as que existem entre Cristo e a Igreja, pela qual Cristo entrega a sua vida. O sacramento do matrimônio representa sacramentalmente esse Mistério Pascal.
A união entre duas pessoas, para a Igreja, não é apenas um “casamento” enquanto pacto social, mas sim um “matrimônio”, ou seja, uma união elevada ao grau sacramental. A palavra Matrimônio vem do latim – mater (mãe) + monus (ofício). Indica-nos o cuidado de um para com o outro.
De forma resumida, lembramos que o sacramento se constitui por sinais visíveis onde atua a graça invisível de Deus. Sendo assim, a união entre homem e mulher, abençoada por Deus, faz deles reflexos da Aliança de Deus com o seu povo. A mesma aliança (pacto) que Deus faz com seu povo, agora o homem e a mulher podem estabelecer entre si. Nessa aliança Deus se manifesta, abençoando-os.
Como todo sacramento possui sua matéria e fórmula, o sacramento do matrimônio possui como matéria o consentimento livre dos noivos (ou seja, a livre aceitação do outro); como fórmula sacramental temos as perguntas que selam o compromisso com o “sim” dos noivos, a declaração do consentimento e a bênção nupcial. Vale recordar que quem celebra o matrimônio são os noivos e não o ministro ordenado; o bispo, ou padre, ou diácono, são apenas testemunhas qualificadas que, em nome da Igreja, recebem o consentimento dos noivos.
Como todo sacramento possui um Rito, o sacramento do Matrimônio também tem seu rito específico formado por:
– Sinal da Cruz
– Saudação Apostólica
– Introdução ao Rito: breve explicação e exortação aos noivos
– Oração: nesta oração o ministro que dá assistência ao matrimônio pede a Deus pela vida dos noivos
– Liturgia da Palavra: com as Leituras (1 ou 2), o salmo, a aclamação ao evangelho, evangelho, homilia
– Introdução ao Rito do Matrimônio: o ministro se dirige aos noivos iniciando o Rito
– Diálogo antes do consentimento
– União das Mãos e Consentimento: os noivos, um de frente para o outro, pronunciam o consentimento
– Aceitação do Consentimento: o ministro aceita, em nome da Igreja, o consentimento deles. Afirma, assim, o casamento entre os noivos
– Bênção e entrega das alianças: as alianças são abençoadas e entregues aos esposos, que as colocam no dedo um do outro.
– Preces da Comunidade
– Bênção Nupcial: oração da bênção matrimonial, invocando a força de Deus sobre o matrimônio e a fidelidade dos noivos.
– Pai-Nosso
– Comunhão (para os esposos e familiares mais próximos, se for o caso)
– Oração Pós-Comunhão
– Bênção Final
Os casados agora estão compromissados com a Igreja de Deus. O matrimônio deverá ser vivenciado entre os dois, de modo que um faça o outro feliz, mas também na Igreja. O casal é chamado a intensificar sua participação e compromisso com a Igreja, também para a educação de seus filhos na fé. Lembrando que a melhor forma de ensinar os filhos é dar o bom exemplo.
Que Deus abençoe todos os casais e aqueles que irão contrair matrimônio, para que, diante das dificuldades que surgem na vida a dois, possam lembrar-se da bênção matrimonial e, com ela, da Graça de Deus recebida para superarem as dificuldades.
Ao participar de um sacramento do Matrimônio, atentem-se aos ritos e verão o quão belos e significativos eles são. Mais do que nossa dispersão pela arrumação do lugar, ou mesmo pelo evento pessoal, social e comunitário que é o matrimônio, também é importante a nossa atenção ao dado da fé e espiritualidade que essa celebração nos proporciona. Boa experiência de fé!
Para ler o artigo n. 20 clique aqui: SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO