QUARESMA, TEMPO DE CONVERSÃO

Artigo QuaresmaO tempo da Quaresma tem início com um forte apelo à verdadeira conversão, ou seja, aquela real mudança interior e não apenas a de aparência, segundo vemos nas palavras fortes do profeta Joel 2,13: “Rasgai os vossos corações, não as vossas vestes”.

Para percorrer esse caminho de mudança interior, a Igreja, ao longo de sua história, sempre nos indicou três pontos importantes, que podemos considerar os pilares do tempo quaresmal: a esmola, o jejum e a oração. Cada um deles tem grande significado não só para a nossa conversão, mas também na ajuda ao (à) próximo(a).

É impossível alguém querer se salvar sozinho, como bem lembrou o Papa São João Paulo II, no Documento sobre a Confissão sacramental chamado Reconciliação e Penitência ao citar Elisabeth de Leseuer: “Uma alma que se eleva, eleva o mundo inteiro”. Ora, o contrário deve ser também real: uma alma que se perde, perde consigo várias outras.

Daí ser importante o gesto da Igreja no Brasil ao propor a cada ano à nossa reflexão um tema religioso-social na Campanha da Fraternidade, pois isso estimula a um modo de ser Igreja menos fechado às questões cotidianas a nos cercar, mas que nem sempre queremos enxergar. Quase chegamos a dizer: “Isso não é problema meu, o Governo – federal, estadual ou municipal – que o resolva!”.

Esse pensamento não é cristão nem corresponde à expectativa da esmola indicada para esse tempo especial de preparação à Páscoa. Sim, a esmola é muito mais do que dar moedinhas a alguém e seguir adiante. Aliás, esse gesto pode ser até malévolo: a pessoa usará, talvez, sua oferta para se drogar, se alcoolizar etc. Ora, a esmola colocada com destaque na Quaresma, mas válida para todos os dias de nossa vida, quer convidar-nos à verdadeira caridade, que é amar ao semelhante por amor de Deus, independente de quem seja ele, engajar-se nas pastorais sociais, dar apoio a obras assistenciais, de um modo especial às mais próximas de nós.

O jejum é uma forma de “musculação da vontade” ou de autodomínio. Leva-nos a domar o desejo de nos saciarmos de coisas boas não só no aspecto do estômago, mas também em outros campos: no das roupas, de programas televisivos, do desejo de triunfo egoísta etc. Isso nos torna melhores para conosco mesmos e para com a sociedade. O jejum está intimamente ligado à esmola: com o dinheiro que me penitencio não comendo carnes na quaresma, por exemplo, que entidade caritativa posso ajudar?

Por fim, a oração, que é a elevação da alma a Deus. Nela dialogamos com o Deus Trindade a habitar em nós e, por isso, Ele nos fala interiormente qual o caminho a seguir. Lembremo-nos de que existe a oração pessoal e a comunitária, nesta a Santa Missa ocupa lugar especial. Para bem participarmos d’Ela, porém, importa estar sempre na amizade com Deus por meio da Confissão sacramental frequente.

Que a Quaresma seja, prezado(a) irmão(ã), um tempo oportuno da graça de Deus em nossas vidas em preparação à Páscoa do Senhor Jesus.

Vanderlei de Lima é eremita na Diocese de Amparo

Texto integrante do Informativo bimestral O AMPARO, da Diocese de Amparo
Acesse a versão digital em: https://issuu.com/diocesedeamparo

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