PEDI, E RECEBEREIS

Pedi e recebereisA questão proposta na 1ª leitura não é se os bons devem pagar pelos erros dos maus, mas se, por causa dos bons, os maus podem obter o perdão. É esse o papel dos santos no mundo…

Abraão não ousou descer a menos de dez o número dos justos, mas sabemos que, na verdade, foi um só Justo que salvou o mundo. Sua morte nos devolveu a vida que, pelo pecado, tínhamos perdido, e pagou a nossa dívida (2ª leitura).

Em Jesus e graças a Jesus, podemos e devemos chamar Deus de Pai. Tornamo-nos seus filhos ao ser sepultados com ele no batismo.

Nossa relação com Deus, como filhos, é manifestada em nossa vida cotidiana. A oração é um fato vivencial, mais do que verbal. O momento “verbal”, porém, é antropologicamente necessário e indispensável. Certamente, as oito horas de trabalho penoso, na fábrica, são, para o operário, um sinal concreto de seu amor pela esposa e pelos filhos; mas, se nessa família faltar o diálogo, perde-se uma dimensão essencial da existência humana. O mesmo se dá nas nossas relações com Deus: é a oração que alimenta essa relação. Se deixamos de nos falar, vamos nos tornando estranhos…

Mas é preciso saber rezar “do jeito de Deus”. Nossa oração é antes resposta do que pedido, é uma resposta livre ao Deus que se revela e fala. Por isso, deve sempre começar por uma ação de graças por tudo o que ele realizou em nosso favor, e nosso “pedido” deve ser, em primeiro lugar, que a sua vontade seja feita e o seu reino se realize.  É como se lhe pedíssemos que abra nossos olhos para que saibamos discernir nossas verdadeiras necessidades, para só depois apresentá-las…

Na medida em que nos associamos à oração do próprio Jesus, e, como filhos adotivos, rezamos “por ele, com ele e nele”, temos a certeza de que seremos atendidos, pois nosso Pai se preocupa conosco ainda mais do que nós nos preocupamos com o bem de nossos filhos, e “não abandona a obra de suas mãos” (Salmo). Mas isso exige um longo aprendizado, um progressivo despojamento de si, a fim de que a oração de súplica se purifique e tenda a identificar-se com a ação de graças: “Pai, faça-se a tua vontade, e não a minha”.

Margarida Hulshof

Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (24.07.16 – 17º Domingo Comum)

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