Chegamos ao final de um ano bastante intenso e complexo para a nação brasileira devido a uma conjuntura sócio política estrutural que acaba mercantilizando e massacrando as categorias mais pobres e a risco, como é o caso do sistema penitenciário onde se reflete com maior evidencia a barbárie do sistema econômico imperante.
O ano 2017 foi para os encarcerados e encarceradas um ano de massacre, inaugurado com sangue, mortes, barbárie, fruto de um sistema que continua matando, degolando, encarcerando, oprimindo e regulando com o aprisionamento massivo os jovens pobres, pretos e periféricos, assim como aconteceu em Manaus, Amazonas; Boa Vista, Roraima; Alcaçuz , Rio Grande do Norte, continuando com mais mortes durante todo o ano chegando até a penitenciaria feminina de Santana, na grande São Paulo com a morte de cinco mulheres em pouco mais de um mês e as recentes de Cascavel no Paraná, Salgueiros em Pernambuco e novamente Roraima.
Por incrível que pareça, depois de 25 anos, a impunidade e a barbárie do Carandiru volta a se repetir, a semear morte e sangue, expressão de uma sociedade individualista, punitivista, militarizada e incapaz de encontrar caminhos para responder aos seus grandes questionamentos e particularmente à mudança de época que exige um novo olhar sobre a realidade em continua movimentação e mudança.
Apesar deste cenário negativo, nossa romaria como Pastoral Carcerária Nacional e Internacional a Aparecida, em outubro passado e o seminário em Olinda, terra de profecia e presença de Dom Herder Camara, debatendo desencarceramento e relançando com bem quarenta e três entre organizações o sonho de “um mundo sem cárceres”, o ano 2018 será o ano de fazer memória e retomar o espírito de Medellin que de nós exige sejamos uma Igreja pobre com os pobres e ao mesmo tempo presença sócio transformadora para ser sal e luz do mundo onde superada a violência e suas causas possamos realizar a ecologia integral e cuidar da Casa Comum.
Um abençoado Natal! O menino nascido nas Belém de nosso dias seja o sinal de uma nova humanidade em 2018!
Pe. Gianfranco Graziola – São Paulo
(Texto publicado no site da Secretaria de Comunicação da Santa Sé)
informações: CNBB