O Advento é um tempo de compromisso e de conversão, mas é também tempo de alegria pela expectativa do Salvador. Jesus inaugura uma nova relação com Deus que vence o mal e a morte, que vem iluminar o nosso caminho, tantas vezes oprimido pelas trevas e pelo egoísmo. Devemos alegrar-nos por esta sua proximidade, por esta sua presença.
Somente o pecado nos afasta dele, e essa separação é sempre culpa nossa. Mesmo quando nos afastamos, porém, Ele não deixa de nos amar e continua a permanecer próximo de nós com a sua misericórdia, com a sua disponibilidade para nos perdoar e acolher-nos no seu amor.
O júbilo que o Senhor nos comunica deve encontrar em nós o amor reconhecido. Efetivamente, a alegria só é completa quando reconhecemos a sua misericórdia, quando nos tornamos atentos aos sinais da sua bondade e lhe agradecemos por tudo o que recebemos dele todos os dias. Quem acolhe os dons de Deus de modo egoísta não encontra a verdadeira alegria: ao contrário, aqueles que encontram nas dádivas recebidas de Deus ocasiões para amá-lo com gratidão sincera e para transmitir aos demais o seu amor, têm o coração verdadeiramente repleto de alegria.
João Batista indica com fidelidade e coragem a quem devemos seguir. Antes de tudo, nega que ele mesmo é o Messias, e depois proclama com determinação: «Eu batizo com água, mas eis que virá Outro, mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de desatar a correia das sandálias». Aqui observamos a grande humildade de João, ao reconhecer que a sua missão consiste em preparar o caminho para Jesus. Afirmando «Eu batizo com água», quer mostrar que a sua unção é simbólica. Com efeito, ele não pode eliminar nem perdoar os pecados: batizando com água, ele só pode indicar que é necessário mudar de vida. Ao mesmo tempo, anuncia a vinda do «mais poderoso», que «vos batizará no Espírito Santo e no fogo».
João dá testemunho do Messias, não com a finalidade de incutir temor, mas sobretudo para nos estimular a receber bem o Amor de Deus, o Único que pode purificar verdadeiramente a vida. Deus faz-se homem como nós, para nos outorgar uma esperança que é certeza: se o seguirmos, se vivermos com coerência a nossa existência cristã, Ele nos atrairá a si e nos levará à comunhão consigo; e, no nosso coração, haverá a alegria verdadeira e a paz autêntica, inclusive no meio das dificuldades, também nos momentos de fragilidade.
Abramos o nosso espírito a este convite; corramos ao encontro do Senhor que vem!
Papa Bento XVI
Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (17.12.17 – 3º Domingo do Advento)