Artigos de Liturgia, n. 11; Novembro de 2016
Seminarista Rafael Spagiari Giron
Assessor da Pastoral Litúrgica Diocesana
Queridos irmãos e irmãs, filhos amados de Deus!
Após estudarmos um pouco sobre a realidade Temporal na Liturgia, podemos melhor compreender o calendário litúrgico das celebrações, o chamado Ano Litúrgico.
Quando falamos em Liturgia, percebemos que a Igreja possui um Calendário próprio das Celebrações. Calendário esse que difere do calendário civil pelo qual organizamos nossa vida. O calendário civil tem seu início em 1° de Janeiro e término em 31 de Dezembro. No entanto, para o “calendário da Igreja” (Ano Litúrgico) seu início se dá com o chamado Tempo do Advento, e seu encerramento acontece com a Celebração de Cristo Rei.
Como não somos capazes de viver sem a realidade temporal, criada por Deus, o Ano Litúrgico também se submete ao tempo cronológico. Sendo assim, o Tempo do Advento se inicia quatro domingos antes do dia 25 de Dezembro. Aí está o início do Ano Litúrgico. O centro do Ano Litúrgico é a Celebração principal dos cristãos, a Páscoa. Ela é fixada no calendário civil e, a partir daí, monta-se o Ano Litúrgico.
A data exata da Páscoa foi fixada, no calendário, a partir do primeiro Concílio de Nicéia, no ano de 325. Assim, ficou estabelecido que a Páscoa cristã fosse comemorada (como se tornou costume na Idade Média e na Europa) no primeiro domingo após a primeira Lua cheia da Primavera no Hemisfério Norte (no Hemisfério Sul, no Outono). A data ocorre entre os dias 22 de Março e 25 de Abril.
Como o calendário judeu é baseado na Lua, e os “meses” lunares são ligeiramente mais curtos que o mês civil, os dois calendários nem sempre coincidem, e por isso, a Páscoa é uma data móvel no calendário cristão, assim como as demais datas referentes à Páscoa, tanto na Igreja Católica como nas Igrejas Protestantes e Igrejas Ortodoxas. As datas móveis que dependem da Páscoa são: Terça-feira de Carnaval – quarenta e sete dias antes da Páscoa (a chamada “Terça-feira gorda” se tornou o dia em que os cristãos faziam uma festa para consumir todo o estoque de carne, pois, nos quarenta dias seguintes, tinham de jejuar, fazer penitência e não podiam comer carne, por ser um tempo de penitência em preparação para a Páscoa.); Quaresma (dura 47 dias, embora para o calendário litúrgico os domingos não contem, perfazendo então 40 dias. A duração da Quaresma está baseada no simbolismo do número quarenta na Bíblia, que significa provação); Sexta-feira Santa; Sábado da Solene Vigília Pascal; Pentecostes (quando os apóstolos, reunidos no Cenáculo, receberam o Espírito Santo, inspirador de todos os seus trabalhos na Igreja); Corpus Christi (a quinta-feira imediatamente após o Pentecostes.).
De modo geral, o Ano Litúrgico é composto por: Tempo do Advento; Tempo do Natal; Tempo Comum; Tempo da Quaresma e Tempo Pascal. Esses diversos Tempos expressam, cada qual ao seu modo, momentos, situações e ensinamentos da vida de Jesus. É interessante sabermos que há três ciclos, chamados “A”, “B” e “C”. Quando se termina um Ano Litúrgico, inicia-se outro ciclo, de modo que após o “C” retornamos ao “A”. Essa dinâmica se refere à leitura dos evangelhos nos domingos do Tempo Comum, de modo que no ano “A” é lido o evangelho de Mateus; no ano “B” o de Marcos; e no ano “C” o de Lucas. Já o evangelista João está presente nas leituras dos dias chamados de “festas” ou “solenidades” da Igreja. Essa dinâmica dos três anos nos revela que nossa fé deve ser uma crescente e não um retorno. Quando terminamos o ano “C” e retornamos ao ano “A”, não estamos somente repetindo as leituras bíblicas, mas, como em uma catequese, somos chamados a refletirmos novamente sobre a vida de Jesus e, assim, crescermos na fé que professamos.
No próximo artigo estudaremos cada Tempo litúrgico e veremos o que cada um tem a contribuir com nossa fé. Por hora, vale nossa atenção ao Ano Litúrgico, de modo que, ele possa ser um verdadeiro momento de Graça (um Kairós) em nossa vida. O Ano Litúrgico não é mera invenção, mas uma organização, que toda a Igreja Católica Apostólica Romana segue. Ele garante a nossa unidade nas celebrações litúrgicas o que, por sua vez, nos faz uma Igreja orante e suplicante a Deus: o pedido feito a Deus na liturgia em sua comunidade (Orações da missa) também é o mesmo pedido realizado por todos os demais cristãos que participam das celebrações nos diferentes locais do mundo. Assim nossa fé se fortalece. Boa experiência de fé!
Para ler o artigo n. 10 clique aqui: A LITURGIA NO TEMPO