Mensagem de Natal do Bispo Diocesano de Amparo

Mensagem de Natal do Bispo Diocesano de Amparo

NATAL: da manjedoura de Belém para as de hoje

“Que a lembrança da vinda do Cristo e de seu nascimento em Belém de Judá abra os nossos olhos, levando-nos a descobrir o Mestre onde quer que Ele nos apareça e por mais estranha, absurda e repugnante que seja a aparência debaixo da qual Ele se esconda”.

Querido irmão e querida irmã, encontrando essa frase de Dom Hélder Câmara (1909-1999), arcebispo de Olinda e Recife, senti-me inspirado a escrever essas simples e breves palavras com as quais desejo chegar ao seu coração, por ocasião desse Natal.

Pensar bem, falar bem, escrever bem e viver bem o Natal é, de fato, tornar realidade a Belém de dois milênios atrás para os nossos dias, com esse acontecimento eminentemente transformador e revolucionário de toda a nossa história, passada, presente e futura, atualizando-o permanentemente.

O Natal praticamente finaliza o ano, em nosso calendário, e jamais deveria ser um “parêntese” extraordinário que simplesmente representasse algo “diferente” e muito belo, com toda a diversificada ornamentação e tantas apresentações encantadoras que acontecem ao longo desse último mês. Uso a expressão “parêntese” porque é, sem dúvida, um período que parece nos inebriar com toda a criatividade que a tecnologia pode proporcionar, ao lado de uma massiva investida comercial.

Evidentemente, junto a uma admirável decoração, não faltam lindas mensagens, que, no entanto, podem seguir na contramão do que verdadeiramente deveriam expressar, enquanto autêntica atualização do Natal do Senhor, em circunstâncias que muitas vezes não aparecem ou não aparecerão nas redes sociais. Inegavelmente, atitudes bonitas também acontecem, sim, proporcionando alegria e bonito sentimento de gratidão ou de gratificante experiência. A observação crítica e triste é que, sem generalizar, podem, porém, resumir-se apenas a essa época, dentro de um clima nostálgico bem favorável, com dias contados.

Enquanto cristãos, como nos denominamos, é necessário e importante pensarmos nas numerosas vezes que nos encontramos com o Recém-nascido da manjedoura de Belém, ao longo de todo este ano. Ainda que não tenhamos nos lembrado dessa verdade, fazendo tal associação mental, é fundamental nos perguntarmos: o Menino Jesus foi bem acolhido em nosso coração? Empenhamo-nos em favorecer um abrigo digno ao Salvador, no atendimento atencioso, humano e carinhoso, despendido em favor daquela criança e adolescente, daquela pessoa idosa ou enferma, daquele irmão ou daquela irmã na pobreza ou numa outra condição de vulnerabilidade? Que bom, se, sem a barata justificativa de que não vou salvar o mundo e resolver todos os problemas, tive um coração aberto para fazer a devida diferença na vida de alguém, com quem Jesus estava certamente identificado e, consequentemente, sentiu-se por mim bem acolhido!

Finalizando, retorno às palavras iniciais do pensamento de Dom Hélder, com a convicção de que, em meio a todos os desafios e complicações que fomos encontrando ao longo da nossa caminhada deste ano, a preocupação, o tempo e os recursos disponíveis e utilizados em favor da vida e da dignidade dos pequeninos – não só pela idade, mas, principalmente pela fragilidade –, mostraram uma diferenciada e marcante correspondência às atitudes de Maria e José, procurando com aflição, mas também afinco e esperança, um lugar digno ao nascimento d’Aquele mais frágil Pequenino e, ao mesmo tempo, o mais poderoso de todos os homens e de todas as criaturas.

Querida irmã e querido irmão, especialmente em nossa amada Diocese de Amparo: feliz Natal em seu coração, por cada vez que você permitiu e oportunizou adequada e luminosa condição para que o acontecimento maravilhosamente incomparável com qualquer outro, naquela periferia de Belém, ecoasse, no decorrer de 2025, em diversos lugares e em cada vida humana, indefesa e vulnerável, na qual Jesus estava lhe pedindo um lugar para nascer!

Feliz Natal!

Dom Luiz Gonzaga Fechio Bispo Diocesano de Amparo

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