MENSAGEM DE PENTECOSTES: HOMEM NOVO

À medida que o ano vai avançando, as notícias que recebemos pelos Meios de Comunicação Social parecem nos distanciar cada vez mais do que significaram aqueles votos de “feliz ano novo” que acolhemos e oferecemos nos dias entre o final e início de ano.

É muito desalentador um noticiário “recheado” de violência e escandalosa sujeira que agride profundamente nosso coração patriótico, desonrando-nos no brio e enfeando e deformando nossa dignidade de cidadãos que têm diversos motivos para orgulhar-se em pertencer a uma nação que, naturalmente, é abençoada por Deus.

Em nossa Igreja Católica Apostólica Romana, percorremos o maravilhoso tempo litúrgico dos 50 dias de Páscoa, finalizado na rica solenidade de Pentecostes, o Dom de Deus por excelência a todos os que crêem, o Espírito Santo que dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e possibilita o nascimento do homem novo.

Nenhuma pessoa batizada, que se autodenomina cristã, deveria receber este nome desconsiderando sua missão, justamente por essa sua condição, na realidade que a envolve.

Onde se deve ser cristão em primeiro lugar? Dentro da própria Igreja? Ou no mundo, que contempla todas as experiências vivenciadas no âmbito da família, das amizades, dos compromissos sociais, do universo do trabalho e da educação?

Os documentos publicados pela nossa Igreja, particularmente a partir do Concílio Ecumênico Vaticano II, tão atual em sua mensagem, não obstante seus mais de 50 anos, com a ênfase que deu o Beato Paulo VI, em sua Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi” (O Anúncio do Evangelho), atualizada com os belíssimos escritos do Papa Francisco, destacando “Evangelii Gaudium” (A Alegria do Evangelho), e mais os textos dos nossos bispos brasileiros, evidenciam que o mundo não pode significar fuga do compromisso cristão, e sim, o contrário. Ele é o “primeiro campo e âmbito da missão”, como aponta o documento 105 da CNBB, intitulado “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade”, publicado no ano passado.

Diante de um cenário político marcantemente sombrio e desolador que atravessamos em nosso país, fazendo-nos pensar, ouvir e falar que parece não haver mais motivo para a credibilidade na política, necessitamos servir-nos da mensagem que a celebração de Pentecostes nos oferece, para fazermos acontecer com maior evidência, a presença desse homem novo, imprescindível em nosso comportamento, provocando a denúncia, e, numa forte comunhão, alimentarmos mutuamente a esperança ativa na construção de uma sociedade mais conforme o desejo de Deus.

Em tempos de tanto desencanto, medo, vazio de um autêntico sentido de vida, o tempo pascal que agora encerramos, enquanto calendário litúrgico, proporciona-nos, nesses últimos dias, valorosa provocação à necessidade de fazermos uma renovada experiência do Espírito. Assim, centrando-nos em Jesus ressuscitado, colocando n’Ele nossa identidade e razão de ser, enquanto comunidade cristã, superaremos melhor nossas incertezas, temores e limitações, avançando com mais convicção na aventura de testemunhar uma vida nova de homem novo.

Dom Luiz Gonzaga Fechio

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