Frei João celebra sua Primeira Missa em Amparo

O retorno ao ‘altar’ do batismo: Frei João celebra sua Primeira Missa em Amaparo

A comunidade de São Roque, em Três Pontes, Amparo (SP), ficou pequena no último domingo, 7 de setembro, para celebrar um momento histórico e de muita emoção: a Primeira Missa de Frei João Manoel Zechinatto, ordenado presbítero no sábado (6/09). Amigos, familiares, frades vindos de várias fraternidades da Província e o povo de Deus lotaram a capela que no ano que vem celebrará seu centenário.

Logo no início, percebeu-se que não seria uma missa comum. Fiéis se acomodaram também do lado de fora, em espaços preparados pela comunidade. A emoção era visível: naquela mesma capela, na pia batismal, há 32 anos, Frei João havia recebido o sacramento que o inseriu na Igreja; agora, voltava como presbítero para presidir a Eucaristia pela primeira vez.

O altar, cuidadosamente preparado, tornou-se sinal visível da entrega e do serviço que Frei João agora abraça. Os cantos, conduzidos pelo ministério de música da comunidade, fizeram ecoar a alegria de todo o povo, que, desde o primeiro momento, participou com entusiasmo e devoção.

O clima era de festa, mas também de profunda espiritualidade. No gesto da assembleia, no olhar dos familiares e no sorriso das crianças que acompanhavam de perto, era possível perceber que aquela não era apenas a primeira missa de um jovem presbítero, mas um verdadeiro reencontro da comunidade com a sua própria história de fé.

‘Hoje vemos um novo fruto nascer para a Igreja

As leituras proclamadas ajudaram a iluminar o sentido da vocação de Frei João: a sabedoria de Deus que conduz os passos do justo, a carta de Paulo a Filêmon como testemunho de fraternidade, e o Evangelho de Lucas (14,25-33), em que Jesus recorda as exigências do seguimento e do discipulado cristão com um programa oferecido para a realidade dos discípulos daquele tempo e que é atual e necessário para os nossos tempos também.

A homilia foi confiada a Frei Sérgio Pagan, filho da própria comunidade, que presidiu sua primeira missa no mesmo altar49 anos e que batizou Frei João. Em sua pregação, lembrou a trajetória vocacional do novo presbítero, unindo lembranças pessoais à liturgia do dia.

Frei Sérgio, que atualmente reside em Niterói (RJ), recordou a história da comunidade e a presença franciscana que a moldou, evocando a figura de Frei Wenceslau Scheper, responsável pela construção da capela e formador de tantas vocações. “Vocês são testemunhas de que este chão é fértil. Aqui a Palavra de Deus foi semeada, e hoje vemos um novo fruto nascer para a Igreja”, afirmou.

Inspirando-se na primeira leitura, destacou que a sabedoria de Deus sempre se manifesta nos que se colocam à disposição para servi-Lo. “Não é a inteligência humana que sustenta a vocação, mas a graça que se derrama sobre os pequenos. Frei João é sinal dessa graça que floresceu nesta terra simples e generosa”, disse.

Ao comentar a carta de São Paulo a Filêmon, fez uma ligação direta entre a experiência apostólica de Paulo e a missão que Frei João agora assume. “Paulo chama Onésimo de filho na fé. Eu também posso dizer: João, você é meu filho espiritual. Quando o batizei, tracei o sinal da cruz em sua fronte e proclamei: tu és sacerdote, profeta e rei. Hoje, isso se cumpre de modo pleno em sua vida”.

O pregador também refletiu sobre o Evangelho do dia, que apresenta as exigências do seguimento de Cristo. Segundo ele, o chamado para “deixar pai, mãe, irmãos e até a própria vida” não significa abandono, mas um amor que se expande. “A partir de hoje, seu coração precisa ser maior. É o amor de Cristo que o envia a todos. Assim como Francisco de Assis, você não pertence mais apenas a sua família de sangue, mas a todos os irmãos e irmãs que encontrar no caminho”, ressaltou.

Dirigindo-se à assembleia, Frei Sérgio pediu que a comunidade continue acompanhando o jovem presbítero com oração e apoio, lembrando que a vocação não nasce isolada, mas é sustentada pelo povo de Deus. “Se Frei João chegou até aqui, é porque vocês rezaram, acreditaram, incentivaram. Continuem sendo para ele sustento e esperança”, pediu.

Concluindo sua pregação, retomou o tema central do Evangelho: a cruz como medida do discipulado. “Seguir Jesus é carregar a cruz todos os dias, mas não com tristeza. É a cruz da entrega, do serviço e do amor sem limites. João, que sua vida seja sempre um reflexo desta alegria de se dar totalmente”, indicou.

A comunidade rezou com fervor nas preces, pedindo pelo novo sacerdote, pela Igreja, pelas vocações e pela missão franciscana. O momento da consagração foi seguido de profundo silêncio e concentração, enquanto todos se uniam em adoração diante do mistério da Eucaristia.

Agradecimentos: ‘Hoje celebramos esse fruto

No final da celebração coube a sua tia Deize Zechinatto Guarizo abrir esse momento de gratidão. Em suas palavras, destacou que a celebração era fruto de muitas orações, da transmitida entre gerações e do testemunho simples do povo de Deus.

“Hoje, nossa família, a Família Franciscana e toda a comunidade está em festa em poder celebrar mais um presbítero franciscano, filho desta terra. Se seu pai, sua avó, seu avô, seu padrinho e o Frei Wenceslau estivessem aqui hoje, estariam chorando de felicidade. Mas, com certeza, eles estão nos céus, orgulhosos em saber que, desta árvore que eles cultivaram, hoje celebramos esse fruto”, afirmou emocionada.

Deize recordou etapas importantes da caminhada vocacional de Frei João, desde o noviciado até a missão na Bahia, a experiência em Angola, o trabalho com os Canarinhos em Petrópolis e, mais recentemente, a presença na comunidade do Jardim Peri Alto, em São Paulo. “A vida nos pede coragem. Coragem, meu sobrinho! Viva belas e profundas aventuras, que este dia seja impulso para seguir em frente com ainda mais responsabilidade. Frei João Manoel, em nome de nossa família, seus amigos e de toda a comunidade, nossos parabéns! E não esqueça que a gente te ama muito e tem muito orgulho de você. Feliz e frutuoso ministério, e que São Francisco e Nossa Senhora Maria Santíssima intercedam sempre por ti”.

Claro, aqui está o seu texto com as palavras em negrito.

O Ministro provincial, Frei Paulo Roberto Pereira, destacou que a missão assumida por Frei João é também a de todos os frades: “Essa é a nossa tarefa: cuidar da humanidade, da natureza e, especialmente, dos pequenos. Esse é o dom que recebemos de Deus por vocação, viver em fraternidade e o Evangelho em nossas relações. O João não está sozinho na missão, ele é irmão entre irmãos. Por isso chamei aqui os frades, os postulantes e vocacionados, porque o que se pode esperar de nós é que semeemos sempre a fraternidade, onde estivermos. Na palavra ‘obrigado’ existe o compromisso de corresponder à generosidade que recebemos. Cobrem de nós que sejamos frades que amem, que correspondam, que não abandonem o barco, sobretudo nas tempestades. Hoje, diante do povo, renovamos esse compromisso no dia em que o João dá o seu sim para servir a Deus pelo ministério presbiteral”.

‘Esta é a terra sagrada em que nasci para a

Na sequência, foi a vez de Frei João Manoel expressar seus agradecimentos. Ele iniciou agradecendo pela presença de todos e sublinhando que a vida é sempre tecida com as histórias de muitas pessoas: “A história de uma pessoa é a soma de milhares de histórias que vão contribuindo e formando cada um de nós. Obrigado por serem parte da minha história, dessa história que é nossa”.

O novo presbítero recordou, com emoção, que há 32 anos, naquela mesma igreja, recebeu o batismo de Frei Sérgio Pagan, ao lado de um primo e uma amiga que também estavam presentes na celebração. “Esta é a terra sagrada em que nasci para a e onde aprendi a dar os primeiros passos. Aqui está a pia batismal que me gerou para a vida cristã, e hoje o Senhor me concede a graça de voltar como presbítero. Que eu saiba viver sempre com alegria e disponibilidade o chamado que recebi”.

Fez também memória da comunidade, dos familiares, dos confrades e dos vocacionados, agradecendo pela presença e pelo apoio constante. Antes de encerrar, Frei João quis rezar uma Ave-Maria em memória dos falecidos que marcaram sua caminhada, especialmente Frei Wenceslau, responsável pela construção da capela, e seu tio Osmair, falecido há poucos dias. “Celebramos a Páscoa dele e de tantos frades que deram a vida por este chão sagrado. Eles permanecem vivos em nosso coração”, disse.

A celebração terminou com a bênção final e um gesto de comunhão: frades, presbíteros e povo estenderam as mãos uns sobre os outros, abençoando-se mutuamente como sinal de fraternidade e missão. E assim, em clima de festa e confraternização, findou a Santa Missa, sinal de que a vida e a missão de Frei João já são parte inseparável da caminhada daquela comunidade.

Texto: Frei Augusto Luiz Gabriel / Fotos: Frei Roger Strapazzon

Matéria originalmente publicada pelos Franciscanos, disponível em: https://franciscanos.org.br/noticias/o-retorno-ao-altar-do-batismo-frei-joao-celebra-sua-primeira-missa-em-sao-roque.html#gsc.tab=0 . Conteúdo reproduzido com os devidos créditos.

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