Para celebrar a solenidade da Padroeira do Brasil, a Igreja escolhe o Evangelho das Bodas de Caná, quando Jesus manifestou sua divindade ao transformar água em vinho, após a intervenção maternal de Maria e em resposta ao seu pedido.
É a Mãe de Jesus quem percebe a situação constrangedora. Enquanto os demais convivas cuidam de si mesmos, ela está atenta às necessidades dos outros. E, conhecendo bem o seu Filho, sabe que pode contar com ele para restaurar a alegria ameaçada e a tranquilidade do casal. Mas trata de sair de cena assim que cumpre sua tarefa…
Ao dizer aos serventes: “Fazei o que ele vos disser”, Maria encarna o papel da Igreja, preparando os ouvidos da humanidade para acolher a Palavra que, aceita e obedecida, permite que entre nós se recupere a alegria apagada, a paz ameaçada, a esperança perdida. É Maria – como também a Igreja – quem dá ao mundo o Senhor de todas as nações (1ª leitura), e por isso é protegida por Deus contra as perseguições do maligno.
Em Maria deve espelhar-se a comunidade eclesial, também chamada a estar atenta às necessidades dos homens em todos os tempos e a recorrer sempre à Fonte de todo bem, Jesus Cristo, para aliviar os sofrimentos humanos.
A imagem da água nos remete às águas do rio Paraíba, que serviram de veículo para que Maria viesse derramar suas bênçãos sobre o nosso país. E também à água que jorrou do lado aberto de Jesus, no Calvário, para lavar os pecados da humanidade ferida e devolver-lhe a vida plena. Misturada ao sangue de Jesus (como a gota no cálice), essa água se torna salvadora, se torna “vinho da salvação”. Os “servos” da Igreja, pelo poder da Cruz, transformam essa água no sangue de Jesus e o distribuem aos “convidados às núpcias do Cordeiro”, que somos nós. Do coração da Igreja manam os sacramentos que distribuem a vida, curam os males e vitalizam os passos dos homens.
Na Encíclica “Deus é Amor”, ao falar sobre a missão diaconal da Igreja, escreve Bento XVI: “Maria é grande precisamente porque não quer fazer-se grande a si mesma, mas engrandecer a Deus. Ela é humilde: não deseja ser mais nada senão a serva do Senhor. Sabe que contribui para a salvação do mundo, não realizando uma obra sua, mas apenas colocando-se totalmente à disposição das iniciativas de Deus” (DCE, 41).
A humildade e o amor são a chave do poder intercessor de Maria. Saibamos recorrer a ela com confiança e amor filial!
Antonio Carlos Santini
Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (12.10.16 Nossa Senhora Aparecida)