A vida humana é sustentada, em todos os tempos, por essa promessa: Deus vem! E à sua vinda está associada a libertação de todos os males, o advento de um mundo de paz e harmonia (1ª leitura) – pois, onde Deus reina, reina também o amor.
Mas a História da Salvação nos mostra que, neste mundo, a presença de Deus é sempre um “vir-a-ser”, embora seja também uma realidade concreta. Nunca é algo pronto e acabado, mas sempre algo a ser buscado, esperado, reconquistado. Enquanto aqui vivermos, a salvação é uma caminhada, uma tensão, um “em busca”. A história nos prova que a realização plena e definitiva das promessas não pertence a este mundo.
Abraão se pôs a caminho sustentado por uma promessa; no Egito, Israel esperava a libertação da escravidão, e depois dela precisou ainda peregrinar pelo deserto; instalado na terra de Canaã, o povo nunca tinha descanso, obrigado a defender-se sempre dos invasores; com o declínio da monarquia, colocou sua esperança no Messias anunciado pelos profetas…
E o Messias veio, e Deus se fez homem, e morreu por nós. As profecias se cumpriram mais uma vez, como sempre se cumprem. A encarnação de Jesus foi o momento culminante da História, inaugurando a plenitude dos tempos. Mas aqui estamos nós, dois mil anos depois, ainda esperando por um mundo onde reine a paz e a justiça…
E Jesus nos garante que voltará uma segunda vez, remetendo-nos novamente a uma promessa, a uma esperança, que como sempre é imprevisível, não tem data marcada. Sabemos que Deus vem, mas não sabemos quando…
Essa é a pedagogia de que Deus se serve para nos manter sempre vigilantes. A vigilância é o que Ele espera de nós, é a tarefa que nos cabe neste mundo: realizamos nossa missão se vivemos como indica São Paulo (2ª leitura), abandonando o pecado e fazendo o bem. Naqueles que assim vivem, as promessas de paz e justiça se realizam, e o Reino acontece, pois Deus vive neles. Aqueles que vigiam já vivem em si a salvação, e a espalham ao redor de si. O Reino acontece neste mundo na medida em que abandonamos o mundo e nos entregamos a Deus…
Se permanecermos vigilantes, seguindo fielmente, como Noé, as instruções de Deus e construindo a nossa arca, ainda que ao nosso redor todos façam troça e vivam descuidados, não precisaremos temer o Dia do Senhor…
Margarida Hulshof | Paróquia Divino Espírito Santo – Holambra
Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (27.11.16 – 1º Domingo do Advento)