Se acreditamos em um Deus trino, é porque é dessa forma que Deus se revela a nós. As três Pessoas divinas estão empenhadas em nossa salvação, e se revelam na medida em que nos mostram o que cada uma faz for nós.
Jesus atesta que as três Pessoas divinas têm a mesma essência: Tudo o que o Pai tem também lhe pertence, e o Espírito transmite o que recebe do Filho…
Ao Espírito Santo cabe, de forma especial, a missão de nos guiar na verdade. Não uma “verdade” parcial. Não uns farrapinhos de verdade, aquelas meias-verdades que a mídia propaga aqui e ali, segundo os interesses dos grupos dominantes e os comodismos grosseiros da sociedade pagã. Não uma verdade relativa, adaptável ao gosto do freguês (“eu tenho a minha e você tem a sua”), porque uma “verdade” assim já não seria verdade, e equivaleria, ao contrário, a dizer que a verdade não existe. Jesus fala de uma “verdade total”, que não depende de nós para existir, e sem a qual continuaremos cegos a respeito de Deus e ignorantes a respeito do homem.
Só o Espírito nos revela Jesus, que, por sua vez, nos conduz ao Pai. Sem o Espírito Santo, a verdadeira face de Deus permaneceria oculta, e nós insistiríamos em confundi-lo com o relojoeiro do Universo, o policial de plantão, o ópio do povo. “Quando vier o Espírito”, só então reconheceremos a Deus como Pai e teremos no coração os sentimentos próprios de um filho. Só então “conheceremos a verdade e seremos libertados por ela”.
Só então, assim iluminados, descobriremos nossa verdadeira identidade humana. Pois, ao revelar-se a si mesmo, Deus também nos revela a nós mesmos, faz-nos reconhecer nossa dignidade de filhos. E então, já não veremos no espelho o “macaco evoluído” ou o “tubo digestivo pensante”, mas a criatura saída das mãos de Deus, e que, ao passar pelo Batismo, foi configurada com o Filho e habitada pelo Espírito Santo. Só então – com o Espírito a bradar “abbá” (Paizinho) em nosso interior – compreenderemos a que ponto nos amou o Pai…
A Solenidade da Santíssima Trindade vem propor-nos um mergulho trinitário, uma participação no amor-comunhão que reina eternamente no seio da Trindade. E somos introduzidos nessa comunhão quando, pela Eucaristia, a própria Trindade vem habitar em nós.
Antonio Carlos Santini
Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (22.05.16 – Santíssima Trindade)
