Artigos de Liturgia, n. 5; Agosto de 2016
Seminarista Rafael Spagiari Giron
Assessor da Pastoral Litúrgica Diocesana
Queridos irmãos e irmãs, filhos amados de Deus!
Fizemos um longo trajeto de leitura (quatro artigos anteriores) para hoje chegar aos Ritos Finais da Celebração Eucarística. No entanto, antes de entrar nesses ritos finais, vale a pena recordar, com um breve resumo, o que vimos até aqui:
RITOS INICIAIS: ritos que nos congregam (reúnem) enquanto povo de Deus, formando a assembleia dos que se encontram para celebrar a fé. São ritos que nos inserem na dinâmica da celebração para melhor vivenciarmos o Mistério Pascal de Jesus Cristo (sua Paixão, Morte e Ressurreição).
LITURGIA DA PALAVRA: momento de escuta e adesão aos ensinamentos de Deus revelados por Sua presença atuante no decorrer da História da humanidade. Os textos proclamados nos recordam as “maravilhas de Deus” realizadas na história de nossos antepassados e nos convidam à adesão a Deus por meio da Profissão de Fé (Creio), após a qual apresentamos confiantes os nossos pedidos a Deus (Preces).
LITURGIA EUCARÍSTICA: é como o “coração” da Celebração Eucarística. Momento em que, já preparados pela reunião, pelo pedido de perdão e pela escuta da Palavra, somos conduzidos ao núcleo sacramental no qual Deus se faz presença real em nosso meio através da Consagração do pão em Corpo e do vinho em Sangue de Cristo. Aqui nos alimentamos e aprendemos que a partilha e o compromisso de vida na fé nos tornam fraternos e solidários; o Corpo de Cristo, recebido como alimento, vai, aos poucos, nos assemelhando ao próprio Cristo.
Pois bem, uma vez que a nossa caminhada de fé não termina nunca, os Ritos Finais não são compreendidos como ritos de “encerramento”. Eles demarcam, sim, o final de uma celebração, mas os ritos litúrgicos não nos convidam à estagnação (a ficar parados ou achando que já cumprimos a meta), mas nos lançam ao movimento crescente de nossa fé. Assim sendo, os Ritos Finais são ritos de envio para começarmos uma missão: a missão de viver de acordo com essa mesma fé e dela dar testemunho a todos os que encontrarmos durante a semana, até que voltemos para de novo celebrar a fé e novamente sair em missão. É nessa dinâmica que compreendemos o nome “Missa”, que vem de missio – missão.
Somos enviados em missão para ser, na sociedade e no mundo, sacramento (sinal) de unidade e salvação, mensageiros de solidariedade, de paz, de justiça, de felicidade, de alegria pascal e de transformação. Graças à Eucaristia, o povo de Deus, reunido em assembleia, sente força e coragem para continuar a missão de Jesus no dia a dia da vida e da história de cada um, para que sejamos sinais e portadores do Cristo ressuscitado.
Os Ritos Finais são compostos dos avisos ou agradecimentos, da bênção final e da despedida final. Vejamos cada um deles:
AVISOS OU AGRADECIMENTOS: é o momento no qual se comunica à comunidade alguma atividade que acontecerá na paróquia. Esse momento não é obrigatório, porém, na prática, torna-se um bom espaço para desenvolver a comunicação entre as pessoas, comunidades e pastorais.
BÊNÇÃO FINAL: aquele que preside a celebração convida os fiéis com a invocação “O Senhor esteja convosco”, à qual os fiéis respondem “Ele está no meio de nós”. Essa invocação novamente lembra aos fiéis que a bênção vem por intermédio de Deus. Por isso, o presidente da celebração estende as mãos sobre a assembleia reunida e invoca a bênção de Deus. Essa bênção tem a finalidade de infundir ânimo e entusiasmo para a missão, através do testemunho de fé que cada um é chamado a dar.
DESPEDIDA FINAL: após a bênção, o diácono ou, na sua ausência, o próprio presidente da celebração, faz a despedida, que possui o caráter de envio à missão. Na sequência, aquele que preside a celebração beija o Altar e sai do espaço do presbitério. Percebe-se que o primeiro e o último ato da Celebração Eucarística acontecem no altar: é o beijo ao altar por parte do presidente da celebração, que simboliza o beijo ao próprio Jesus Cristo, uma vez que é em torno do Altar que a comunidade se reúne em nome do Senhor.
Queridos irmãos e irmãs, ao finalizar esses artigos sobre a origem e significado dos ritos da Celebração Eucarística, podemos perceber o quanto ela é riquíssima em símbolos e gestos. Assim também é nossa fé: através de atos e de materiais feitos pelo homem (vela, cruz, pão, vinho etc), chegamos a contemplar aquilo que é invisível aos nossos olhos e que a cada dia nos move em direção aos Céus.
Nossa Igreja é maravilhosa e ainda mais suas celebrações. Cabe a cada um de nós perceber toda essa riqueza que nos envolve no dia a dia por meio das celebrações de que participamos. De fato, não podemos celebrar somente por celebrar ou ir até a igreja somente por ir. Somos chamados a aplicar nossa razão na compreensão de tudo o que fazemos. Quem sabe, assim, poderemos chegar àquilo que o Concílio Vaticano II nos pede tanto: uma participação mais ativa e frutuosa nas celebrações, de modo que todos os símbolos e gestos presentes na Igreja possam nos mover interiormente na busca por Deus e na melhor compreensão de nossa fé.
Por fim, que a nossa fé e participação sejam sinais para tantas pessoas que não conhecem a Deus ou não se preocupam em conhecê-lo. Sejamos “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5, 13-16) para que todos compreendam que a liturgia é um belíssimo caminho para o encontro com o Senhor Ressuscitado; que dessa certeza brote sempre em nós a Alegria que vem do Senhor.
Para ler o artigo n. 4 clique aqui: CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA – LITURGIA EUCARÍSTICA