AS COLUNAS DA IGREJA

OTHER859681_ArticoloA festa de hoje é antiquíssima, tendo sido inscrita no Santoral romano muito antes da festa do Natal.

Pedro e Paulo, as duas principais colunas que sustentam a Igreja de Cristo, são um excelente exemplo de unidade na diversidade, e da importância de haver diferentes carismas na Igreja, tal como os membros do corpo precisam ser diferentes para que o corpo funcione bem. Para Deus, não são as habilidades que importam, mas a fé. É ela que nos transforma em instrumentos úteis nas mãos de Deus, para construir o seu Reino.

Pela fé, Paulo se transformou de judeu fervoroso em cristão convicto. E a profissão de fé de Pedro é suficiente para que Deus o coloque à frente da Igreja, como seu representante direto. Este Evangelho marca o momento em que, rompendo com o judaísmo que o rejeitou, Jesus funda um novo povo escolhido, a sua Igreja.

O símbolo das “chaves” representa a faculdade de ligar e desligar, fechar e abrir. As “portas” das cidades são um importante elemento nas guerras primitivas: se elas resistem ao ataque do invasor, a cidade está segura. E Jesus garante que as forças do mal não prevalecerão contra a Igreja, ainda que a ataquem por todos os lados, em todos os tempos, e hoje mais do que nunca.

Comentando este Evangelho, o teólogo Hans Urs von Balthasar explica que as antigas chaves da cidade eram muito grandes e pesadas, a ponto de precisarem ser carregadas ao ombro, tal como uma… cruz. Assim, se as “chaves do Reino” significam plenos poderes para Pedro, também significam uma pesada responsabilidade. Os discípulos não são maiores que o Mestre, e o caminho dos seguidores de Jesus é o mesmo do Mestre: a cruz, a perseguição, a morte. Na Igreja, os cargos ou títulos não significam privilégios, mas encargos, a pesada missão de conduzir a Igreja nas pegadas do Mestre.

Mas os discípulos não se sentem vítimas, como mostra Paulo na 2ª leitura. Não há maior alegria para um cristão do que estar crucificado com Cristo, porque este é o sinal da salvação: morrer pelos irmãos. Mesmo na morte o Senhor nunca nos abandona, e por isso podemos dizer, com alegria, que ele nos atende e nos “livra de todos os temores” (Salmo): com ele, a morte se torna vida…

Para a maioria de nós, essa “morte” cotidiana consiste na fidelidade à Igreja e na aceitação humilde da autoridade paterna que o Papa exerce em nome de Deus. Em tempos tão incertos, é sinal de sabedoria confiar na orientação de quem recebeu o mapa e as chaves do Reino…

Margarida Hulshof

Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (03.07.16 – Solenidade de São Pedro e São Paulo)

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