Somos humanos. No entusiasmo do primeiro amor, assumimos o compromisso de evangelizar. A pulsação que vibra em nós, queremos que outros também a experimentem.
Mas continuamos humanos. Logo advêm as barreiras, dificuldades, duras incompreensões. Somos tentados a desanimar e a abandonar tudo. A imagem empregada por Jesus define bem a situação: pôr a mão no arado e… olhar para trás…
Quando lemos a vida dos santos, descobrimos com surpresa que todos eles passaram por essa encruzilhada. E não era para menos. São João Bosco sente o chamado para ampliar a ação de sua Congregação para outros países, mas enfrenta a oposição direta do seu bispo. Só lhe resta obedecer. São José de Calasanz é caluniado gravemente por dois de seus sacerdotes. Roma manda fechar a sua obra. O santo obedece e morre. Só após sua morte as Escolas Pias seriam reabertas e se espalhariam pelo mundo. São Francisco de Assis vê sua Ordem dominada pelos “doutores” e é praticamente aposentado nas montanhas geladas. São Geraldo Magela também foi caluniado, e Santo Inácio de Loyola também teve sua Ordem (os Jesuítas!) fechada pelo Papa…
Todos eles foram perseverantes e não abandonaram o seu arado. Mas sabemos que sofrimentos íntimos precisaram enfrentar! É assim que acontece quando os casais enfrentam as dificuldades do casamento e são tentados a romper seu juramento. Acontece igualmente com os educadores e os profissionais de saúde que trabalham sem as mínimas condições materiais. Acontece, enfim, com os doentes crônicos ou já em fase terminal, normalmente rondados pelos terríveis fantasmas do desespero.
A todos eles, Jesus está dizendo: “Não olhe para trás! Você não está sozinho! Abrace firme a sua cruz e sinta a minha presença ao seu lado… Estaremos juntos até o fim…”
Se o nosso seguimento de Jesus se baseia em motivos humanos, em consolações terrenas, fatalmente iremos desanimar. A provação sempre acompanha aqueles que Deus chama, exatamente para provar e purificar nossas intenções…
A adesão incondicional à pessoa de Jesus, a obediência absoluta a ele (também por meio da sua Igreja) é o que nos torna livres: livres da escravidão das coisas, dos sentidos, do orgulho, livres de nós mesmos…
Antonio Carlos Santini
Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (26.06.16 – 13º Domingo Comum)