Artigos de Liturgia, n. 20; Maio de 2017
Diácono Rafael Spagiari Giron
Assessor da Pastoral Litúrgica Diocesana
Queridos irmãos e irmãs, filhos amados de Deus!
No artigo anterior pudemos refletir sobre o Sacramento da Crisma, seu significado para a vida do cristão. Como pudemos perceber, o Sacramento da Crisma é o último sacramento da etapa que chamamos de Iniciação Cristã (agora, adultos na fé, os crismados podem ajudar na construção do Reino de Deus).
Sabemos que Cristo nos chama para a Evangelização das pessoas. No entanto, antes de sermos missionários devemos aprender o quanto é bom estar ao lado do Mestre (Jesus). Aprendemos muito com Jesus e, nesse aprendizado, somos capazes de perceber o quanto somos pecadores, o quanto podemos fazer de mal às pessoas, o quanto nossas atitudes nos levam ao distanciamento de Deus. São Paulo nos diz que, por muitas vezes, acabou fazendo o mal que não queria e deixou de fazer o bem que poderia ter feito (Cf. Rm 7, 19). Nós também somos assim: muitas vezes cultivamos o mal que nos prejudica, prejudica aqueles que nos rodeiam e até mesmo a natureza.
No entanto, Deus, em sua infinita misericórdia, acolhe o pecador arrependido. Jesus nos mostra que é possível voltarmos à união com as pessoas e com Deus por meio do arrependimento e do perdão a nós concedido. Esse perdão tem como gesto sacramental o Sacramento da Reconciliação (ou confissão). Por meio da celebração litúrgica, o presbítero (padre) ou bispo agem em nome de Cristo, concedendo o perdão ao pecador arrependido. Por isso, podemos dizer que o Sacramento da Reconciliação é um sacramento “alegre”, que manifesta o reencontro da pessoa com Deus. Por ele, a pessoa arrependida compreende que Deus está de braços abertos para acolhê-la novamente.
Como referência bíblica sobre o Sacramento da Reconciliação, temos as seguintes passagens: Lc 15, 11-32 // Jo 20, 21-23 // Lc 24, 46-48 // Mc 1, 15 // Mt 16, 18-19. Elas nos recordam o mandato de Jesus aos apóstolos, no que se refere à acolhida e perdão das pessoas pecadoras. A matéria (sinal visível do sacramento) é o arrependimento pelo pecado cometido e a reta intenção de não mais cometê-lo. Depois da nomeação dos pecados ao presbítero ou bispo, é recitada a fórmula sacramental na qual se concede o perdão: “Deus, pai de misericórdia, que, pela morte e ressurreição de Seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. E EU TE ABSOLVO DOS TEUS PECADOS, EM NOME DO PAI, E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO”.
O sacramento deve ser celebrado quantas vezes o cristão creia que seu pecado é tão sério que deva expressar e pedir a reconciliação para realizá-la em plenitude diante de Deus e da Igreja. Cada um deve estabelecer para sua vida e situação a frequência com que deverá celebrar esse rito penitencial. Mas sempre sabendo que o que se celebra é a reconciliação com Cristo e a Igreja e não o pecado cometido.
Uma autêntica reconciliação não se resume à mera conciliação, mas sim à conversão pessoal. Com esse processo, o ser humano experimenta a verdadeira libertação e vive realmente a realidade do Reino de Deus presente na história. Nesse sentido, é bom lembrar que o sacramento da Reconciliação, além de perdoar os pecados, confere uma graça de conversão, que nos fortalece para evitar os pecados futuros. Por esse motivo é recomendável a confissão frequente, mesmo que não tenhamos pecados graves na consciência.
Durante o Rito, o presbítero ou bispo usam paramentos na cor roxa, simbolizando o convite à conversão. O Rito é composto pelo Sinal da Cruz; exortação por parte do Ministro; Leitura da Palavra (opcional); Confissão dos pecados; Despedida do penitente.
EXORTAÇÃO (uma das fórmulas): Deus, que fez brilhar a sua luz em nossos corações, te conceda a graça de reconhecer os teus pecados e a grandeza de sua misericórdia.
LEITURA DA PALAVRA DE DEUS (opcional): lê-se um dos trechos bíblicos abaixo indicados: Is 53,4-6; Ez 11,19-20; Mt 6,14-15; Mc 1,14-15; Lc 6,31-38; Lc 15,1-7; Jo 20,19-23; Rm 5,8-9; Ef 5,1-2; Cl 1,12-14; Cl 3,8-10.12-17; 1Jo 1,6-7.9
CONFISSÃO DOS PECADOS: O ministro, se necessário, ajuda o penitente a fazer a confissão íntegra, dá-lhe conselhos oportunos e exorta-o à contrição de suas culpas. E em seguida impõe-lhe uma ação penitencial, recebida pelo penitente para satisfação pelo pecado e renovação de sua vida. Ao final se pronuncia a fórmula da absolvição.
DESPEDIDA DO PENITENTE: Depois da absolvição o sacerdote despede-se do penitente com essas palavras ou outras semelhantes: “Vai em paz e proclama ao mundo as maravilhas de Deus, que te salvou”.
Como é bom sentir que estamos “livres” dos pecados. Jesus nos deixou essa oportunidade de experimentarmos viver sem o pecado. A Igreja nos recomenda que confessemos no mínimo uma vez ao ano. Prepare-se bem para o momento de sua confissão; examine sua consciência. Faça essa experiência de receber o perdão e a reconciliação com Deus, com os irmãos e irmãs e com a natureza. Boa experiência de Fé!
Para ler o artigo n. 19 clique aqui: SACRAMENTO DA CRISMA