Pentecostes celebra o nascimento oficial da Igreja, o seu Batismo no Espírito. É o coroamento da Páscoa e o princípio da fecundidade da Igreja.
Assim como no Sinai foi dada a Lei, agora, na Nova Aliança, o Espírito grava nos corações a nova Lei, a do amor e da unidade, que não significa uniformidade, pois acolhe a todos: membros diversificados em suas características e funções, mas todos formando um único Corpo, a Igreja, Corpo Místico de Cristo. Todos falando a mesma língua, ou melhor, todos tornados capazes de compreender a manifestação do Espírito em suas diversas formas, assim como as diversas partes do corpo humano trabalham todas em harmonia e “para a utilidade de todos”.
O Espírito é a água viva que Jesus envia a quem tem sede, para que, ao crer nele, nos transformemos por nossa vez em fontes de água viva (Jo 7,38).
E essa água viva, esse Espírito que Jesus ressuscitado “sopra” sobre os discípulos, além de dissipar o medo que os mantinha trancados por medo dos judeus e transformá-los de covardes em mártires, também coloca nas mãos da Igreja um dom inédito, uma “faculdade” até então exclusiva do próprio Deus: o poder de perdoar pecados!
É importante notar que a iniciativa não partiu dos homens: não são os Apóstolos que fazem tal pedido ao Senhor. Daí a impropriedade de quem afirma que a confissão dos pecados é uma “invenção dos padres”. Ao contrário, é um dom e uma missão que Jesus confia à Igreja, fazendo dela o canal da misericórdia divina junto aos pecadores. E desde os seus primeiros momentos, a Igreja nascente, cheia do Espírito Santo, passa a exercer este ministério, como se vê, por exemplo, na epístola de Tiago: “Confessai os vossos pecados uns aos outros e rezai uns pelos outros, a fim de serdes curados”. Foi o próprio Jesus quem quis a Igreja como mediadora do seu perdão, como já havia dito também a Pedro: “o que ligares na terra, será ligado no céu”… (Mt 16,19).
Neste Ano da Misericórdia, a Igreja disponibiliza com especial abundância o seu “poder das chaves” para nos abrir a porta do céu, e nos convida com especial ênfase a buscar essa “água viva” que jorra de seu seio para nos curar e libertar, para dar nova vida aos nossos ossos ressecados pelo pecado… (Ez 37, 1-14). Quem tem sede de misericórdia, venha beber da água do Espírito Santo!
Margarida Hulshof
Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (15.05.16 – Pentecostes)