O assunto das leituras de hoje são os “bens deste mundo”, sejam eles o pão de cada dia necessário à sobrevivência, ou as posições de poder e autoridade, que tantas vezes sobem à cabeça, quando nos esquecemos de que Deus é o único verdadeiro Senhor a quem todos devemos prestar contas, e que a autoridade e o governo são serviços, não privilégios. Por isso mesmo, é preciso rezar muito por aqueles que detêm o poder (2ª leitura), para que não se esqueçam de que são administradores, e não donos daquilo que lhes foi confiado.
Quando a nossa vida se apoia sobre os bens materiais, facilmente o egoísmo nos domina, e só pensamos em acumular cada vez mais, mesmo à custa da sobrevivência do pobre (1ª leitura). Às vezes até vivemos uma religião de aparências e queremos passar por cumpridores da Lei, mas no fundo não é a Deus que amamos, e sim a nós mesmos.
A corrupção, a compra e venda de favores retratada no Evangelho – não por amor ao irmão, mas para defender os próprios interesses, e, além disso, usando nessa “compra” o dinheiro alheio, não o próprio – é exatamente a situação com a qual convivemos diariamente em nosso país.
Mas… e nós? Teremos as mãos limpas? A idolatria do dinheiro atinge também aqueles que não o têm, mas gostariam de tê-lo, e para isso são capazes de meios tão ilícitos quanto aqueles empregados pelos poderosos: o roubo, a violência, a invasão da propriedade alheia… Onde o “deus” é o dinheiro, a desonestidade sempre vai existir, em qualquer nível. A justiça só acontece quando servimos a Deus, e não ao dinheiro.
Os bens deste mundo não são ruins. Eles foram criados para o homem, para o seu bem-estar, para renovar suas forças e servirem de ferramentas no trabalho em favor do Reino. O problema começa quando nos esquecemos de que eles são apenas meios e não fins, e de que nós somos apenas administradores, não donos. Por maior que seja a nossa esperteza, teremos um dia de prestar contas, e o nosso Senhor não se deixa enganar…
Quem dera tivéssemos, para com os interesses de Deus, a mesma solicitude e inteligência que mostramos na defesa egoísta dos nossos interesses terrenos! Se nós, os fiéis, dedicássemos o mesmo empenho na busca da nossa salvação e da salvação dos irmãos, pouca gente se perderia… E, se soubéssemos usar dos bens do mundo para trabalhar pelos interesses de Deus, e não os nossos, ninguém passaria necessidade…
Como estamos administrando os bens que Deus nos confiou?
Margarida Hulshof
Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (18.09.16 – 25º Domingo Comum)