A Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi recebida pelo papa Francisco, nesta quinta-feira, dia 19 de outubro. Na ocasião, foi reforçado novo convite para que o pontífice volte ao Brasil, uma vez que não foi possível sua presença nas festividades dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, neste mês de outubro. Na pauta do encontro, também foi abordada a conjuntura social, econômica e política do país. Francisco ainda recebeu presentes, como de costume.
O arcebispo de Brasília (DF) e presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha, comentou em vídeo divulgado pela Rádio Vaticano – Programa Brasileiro, que foi repetido a Francisco o que foi dito ao enviado especial em Aparecida: “O papa se sinta amado pelo Brasil, o Brasil ama o papa Francisco. Hoje, novamente a gente pôde dizer a ele aquilo que lá nós expressamos de maneira muito carinhosa, em Aparecida, na conclusão do Ano Mariano”.
Presentes
Dois presentes foram oferecidos pela Presidência ao papa Francisco. Um deles foi um báculo¹ feito de pau-brasil, de acordo com dom Sergio para expressar a presença do Brasil junto do Santo Padre: “Ele que inicialmente iria ao Brasil e lá receberia esse presente e nós agora trouxemos para que ele sinta a oração e o carinho do povo brasileiro e claro que nós continuamos a contar com ele no futuro e poderá usar lá o báculo que recebeu hoje se assim desejar”.
O arcebispo de Salvador (BA) e vice-presidente da CNBB, dom Murilo Krieger, contou aos locutores da Rádio Vaticano sobre o segundo presente: uma imagem de São Jorge produzida em madeira da Bahia, para que o papa, cujo nome de batismo é Jorge Mario Bergoglio, “tenha a proteção de seu padroeiro”.
Realidade indígena
O bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, falou sobre o convite de retorno do papa Francisco ao Brasil e a espera do momento certo: “É claro que é preciso achar o momento, a oportunidade, dados os compromissos do Santo Padre”. Também comentou sobre a realidade indígena do país, a qual foi dada a conhecimento do bispo de Roma.
“O Santo Padre sabe das dificuldades. Temos entregue a ele relatórios dos próprios indígenas. Quando ele menciona, no chamado ao Sínodo, especificamente os povos indígenas, significa que ele sabe das questões, dificuldades e da violência, mas sabe especialmente do compromisso que a Igreja tem em relação a estes povos. Ele sabe que nós temos que fazer mais. É extraordinário o trabalho que nossas Igrejas particulares têm feito em relação aos povos indígenas”, disse dom Leonardo.
Foi entregue ao papa o último relatório Violência contra os Povos Indígenas, elaborado há mais de 30 anos pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Dom Leonardo comentou a dificuldade de equacionar a questão da demarcação dos territórios indígenas, frente à ganância pela riqueza natural que possuem, e a falta de interesse de seguidos governos, questionados pela própria CNBB sobre o trato com necessidades de avanços na política indigenista.
Dom Leonardo ainda destacou o papel da Igreja no apoio aos indígenas: “Se os povos indígenas não tivessem a Igreja Católica e a CNBB, estariam numa situação muito mais difícil. Eles precisam desta nossa ajuda, nós ainda somos para eles um ancoradouro seguro e um sinal de esperança. É bonito ver como os povos indígenas vão reconquistando sua cultura, vão retomando sua língua, seus costumes… e como eles sentem o apoio tão grande da Igreja Católica”.
Compromisso
Amanhã, a Presidência da CNBB deve encontrar-se novamente com o papa Francisco, quando participa de audiência do pontífice com a comunidade do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, na Sala do Concistório.
Saiba mias: ¹ – Báculo é um bastão alto, de extremidade curva, usado pelos bispos como insígnia de sua missão.
Informações: CNBB