PARTICIPAÇÃO ATIVA E FRUTUOSA NA LITURGIA

Artigos de Liturgia, n. 8; Outubro de 2016

Seminarista Rafael Spagiari Giron
Assessor da Pastoral Litúrgica Diocesana

Queridos irmãos e irmãs, filhos amados de Deus!

            Após visualizarmos as três dimensões que compõem a liturgia cristã: experiência com o Ressuscitado, símbolos e gestos, precisamos compreender a necessidade de viver a liturgia por meio de nossa participação ativa e frutuosa. Mas o que é participar ativa e frutuosamente da liturgia? Antes de tudo, é preciso voltar ao Concílio Vaticano II e perceber suas contribuições para a liturgia em cada canto do mundo.

            Diante da necessidade de renovação na Igreja, o papa João XXIII convoca e dá abertura, em 11 de Outubro de 1962, ao Concílio Vaticano II. Reuniram-se cerca de 2.540 padres conciliares para pensarem e decidirem o futuro da Igreja. O Concílio foi encerrado em 08 de Dezembro de 1965 pelo papa Paulo VI e teve como objetivos: alimentar sempre mais a vida cristã entre aqueles que fielmente participam da vida da Igreja; ajustar melhor às necessidades de nosso tempo tudo o que pode e precisa ser mudado; incentivar ações que ajudem na união de todos os cristãos; e a promoção de ações que ajudem a chamar pessoas para a Igreja (missão).

            O primeiro documento conciliar discutido e aprovado foi o Sacrosanctum Concilium – sobre a Sagrada Liturgia da Igreja. Esse documento propõe fomentar sempre mais a vida cristã entre os fiéis a partir de uma “participação ativa e frutuosa” nas celebrações. Tudo o que acreditamos, devemos celebrar, e isso dará frutos em nossa vida, pois, a “fé sem obras é morta” (Cf. Tg 2, 26).

            De modo geral, a partir desse Concílio, toda a Igreja passou por grande reforma, tanto no campo litúrgico, como nos campos pastoral, missionário, eclesiológico e até doutrinário. No campo litúrgico, a mudança principal e significativa foi na tradução dos textos litúrgicos (orações) e bíblicos para a língua local (em nosso caso, o português). A partir de então, o latim deixa de ser a principal língua nas celebrações. Surgem, então, os folhetos de missa para que o povo possa ir compreendendo as diferentes partes da Celebração (ritos iniciais, liturgia da Palavra, liturgia sacramental, ritos finais). A participação do povo aumenta e o “assistir” à missa cede espaço para o “participar” da missa. Deixamos de ser espectadores para ter uma vivência celebrativa mais profunda da fé.

            Hoje em dia, o maior desafio é criar nos fiéis a consciência de que Liturgia não é só cumprimento de normas e regras, mas abrange a totalidade do mistério que a comunidade vai celebrar, ou seja, é a atualização e celebração do Mistério Pascal de Jesus Cristo (Paixão, Morte e Ressurreição) e a nossa parcela de ação dentro desse mistério de fé que irá dar continuidade ao Reino de Deus já iniciado e anunciado por Jesus.

            Assim, para melhor promover a participação ativa dos fiéis, nada melhor que incentivar as aclamações do povo; as salmodias; as antífonas ou refrões; os cantos; as ações, os gestos, a postura; e os momentos do sagrado silêncio. Todos esses momentos na liturgia fazem o povo de Deus constituir (formar) a assembleia celebrante que “não fica parada”, mas que está constantemente em louvação a Deus.

            A participação ativa na liturgia deve ser íntima, profunda e consciente de mim e da fé que vivo. Neste sentido, os gestos presentes no rito indicam toda a gestualidade de nossa existência. Na medida em que somos abertos à graça de Deus, somos mais ativos e participativos, percebemos que a corresponsabilidade na comunidade existe e o que fazemos não fica só na exterioridade, pelo contrário, o que fazemos reflete a nossa interioridade, a nossa alma.

            Por isso, queridos irmãos e irmãs, participem ativamente das celebrações em suas comunidades; é claro que Jesus é o principal e primeiro em nossas celebrações, mas é justamente por meio da nossa participação ativa que manifestamos a ele o nosso amor e o nosso culto. Se assim o fizermos, certamente os frutos irão aparecer em nossa vida. Frutos esses que não são materiais, mas espirituais: frutos de conversão, frutos de alegria, frutos de comprometimento, frutos de fraternidade. Coragem, a liturgia te lança ao anúncio do Reino de Deus!

Para ler o artigo n. 7 clique aqui: OS SÍMBOLOS E OS GESTOS NA LITURGIA

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