Nos dias 29 e 30 de julho, dois agentes de pastorais, Edmilson Luís, da comunidade Matriz da Imaculada Conceição Aparecida e Maria das Graças, da comunidade São Pedro do Assentamento 12 de Outubro no Horto Vergel, representaram a Paróquia Imaculada Conceição Aparecida e nossa Diocese de Amparo no 31º Encontro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), da Sub Região Pastoral CNBB Campinas, que aconteceu na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, na cidade de São Carlos, Diocese de São Carlos, e que teve como Tema: CEBs e os desafios das cidades da Sub Região Campinas.
Ambos os agentes também são delegados, junto com outras 63 pessoas das diversas comunidades do Sub Regional Campinas, do 14º Intereclesial das CEBs, que acontecerá de 23 a 27 de janeiro de 2018, na cidade de Londrina – Pr., com o tema: CEBs E OS DESAFIOS DO MUNDO URBANO; e o lema, que também iluminou a reflexão do 31º encontro de Campinas, é: “Eu vi e ouvi os clamores do meu povo e desci para libertá-lo” (Ex 3,7). O próximo encontro de preparação para o 14º Intereclesial será na cidade de Jales-SP, com a participação de cerca de 400 delegados de todo o Regional Sul 1.
Segue abaixo a Carta do 31º Encontro:
Carta das/os participantes do 31º Encontro de CEBs da Sub-Região de Campinas
“Se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” (Sl 127, 1)
Iniciamos nosso encontro com 144 agentes, homens e mulheres vindas/os de todos os cantos das dioceses de Amparo, Bragança Paulista, Limeira, Piracicaba e da Arquidiocese de Campinas. Nos dias 29 e 30 de julho de 2017, fomos acolhidas/os na Diocese de São Carlos, na Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, localizada no bairro Cidade Aracy, município de São Carlos, onde nos reunimos para refletir os desafios, preocupações e as esperanças das cidades da Sub Região Campinas num contexto de profunda crise política, econômica e social.
Em seguida o Padre José Reinaldo, pároco da igreja Nossa Senhora de Guadalupe, acolheu-nos contando a história da comunidade, que fica em uma área de proteção ambiental, sobre o Aquífero Guarani, “Em um lugar onde decidiram colocar os empobrecidos, um bairro marcado por problemas sociais, como tráfico de drogas, a prostituição, e a pobreza extrema”, contando hoje com cerca de 45 mil habitantes.
Fomos assessorados (as) pelo professor e companheiro de caminhada Arnaldo Valentin, que nos provocou a olhar o documento texto base para o 14° Intereclesial das CEBs, e relacionar com alguns dados da região metropolitana de Campinas e das grandes cidades ao seu redor, que formam o cinturão caipira.
Assim percebemos que a realidade urbana das nossas cidades nos desafia cotidianamente. Vivemos inúmeras situações degradantes geradas pelas desigualdades, principalmente nas periferias dos grandes centros urbanos. Todavia somos chamados a ser sinal de esperança na vida do povo sofrido de Deus.
Por estarmos próximos de grandes polos tecnológicos, grandes indústrias, as principais rodovias, e as melhores universidades, podemos dizer que moramos em uma das regiões mais ricas do país, onde as contradições de pobreza e riqueza são visíveis. Ao mesmo tempo em que o desenvolvimento econômico e tecnológico chega, a vulnerabilidade social aumenta.
Mesmo a região metropolitana de Campinas e as cidades em seu entorno, tendo um PIB de aproximadamente 142 bilhões em 2013, apenas 20% da população concentram a maior parte da riqueza, o que faz com que tenhamos ainda hoje, por exemplo, uma alta taxa de mortalidade infantil.
Reféns de um sistema político institucional falido, nossas perspectivas de futuro tendem a ser pessimistas, pois sentimos na pele a falta que reformas estruturais fazem no desenvolvimento de um projeto de sociedade que garanta uma vida digna para as pessoas.
No domingo pela manhã, reunidos com os irmãos e irmãs que tornaram possível a realização deste encontro, com as famílias e comunidades de vida que nos acolheram, com a presença do bispo da diocese de São Carlos, Dom Paulo Cézar, celebramos a partilha da Palavra e da Ceia do Senhor.
Arnaldo Valentim nos apresentou as diversas faces de Paulo de Tarso, um trabalhador, fabricante de tendas, um articulador de grupos, inconformado com as desigualdades sociais, apaixonado por Jesus de Nazaré, formador de processos circulares, de redes de comunidades, um cidadão que apesar das mazelas possuía um olhar positivo sobre a cidade.
Inicia-se um novo ciclo e como discípulos e discípulas missionárias de Jesus Cristo somos chamados a juntos assumirmos a agenda colocada pelo Papa Francisco, “Nenhuma família sem teto, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos” sem perder de vista a perspectiva de ampliá-la para as nossas diversas realidades (estudantil, sindical, movimentos sociais, etc) a fim de unificar nossas lutas na reconstrução da nação.
São Carlos/SP, 30 de Julho de 2017
Informações: Pascom Imaculada Conceição Aparecida