As Novas Comunidades não existiriam sem a Igreja, por isso seu fim apostólico consistirá, na Nova Evangelização, nas novidades que o Espírito Santo suscita para o auxílio da Igreja. Assim, os movimentos são sempre dinâmicos, contudo se caracterizam sempre em torno do carisma, uma “ideia-força”, vivida primeiro pelo fundador.
Isso é muito importante, pois o que uma Nova Comunidade anuncia é exatamente algo novo, uma obra nova, um carisma que não pode nem deve ser extinguido, uma vez que todo carisma é dom de utilidade para todos e para edificação da Igreja. Um carisma, pois, sempre se manifesta de acordo com a necessidade da época!
Um carisma desenvolve na pessoa seguidora e fundadora uma dupla função eclesial: a primeira é a natureza santificante, pela qual o Espírito conforma o fiel a Cristo através de um caminho pessoal de santificação. O carisma vai como que “se tornando visível” por meio das obras, mas especialmente por meio do testemunho de cada fiel que corresponde ao carisma.
Outra função é a natureza iluminadora: o Espírito, por meio do carisma, comunica ao fundador, e, por este, aos seguidores, uma particular compreensão do mistério de Cristo e da Igreja. Algo que os outros observam com naturalidade, a comunidade, por meio do carisma, passa a observar de maneira completamente nova!
A evangelização dos jovens, por exemplo. Grande é o desafio de chegar a eles; no entanto, se o carisma estiver “apontado” para a missão de evangelizá-los, então isso será feito de maneira completamente nova e diferente de todas as outras.
O mais interessante é que o carisma vai se firmando na própria pessoa humana, de tal forma que ela é identificada por ele: “a experiência comunitária do carisma originário, é aquele concreto processo de amadurecimento da personalidade cristã madura, de sua fidelidade, na qual o indivíduo humano se torna mais pessoa na medida em que é definido o seu ser e o seu agir a partir da lógica da comunhão”[i];
Isto quer dizer que o carisma, feito para se expandir, não pode morrer naquele em quem foi suscitado, pelo contrário, assim como os talentos, o carisma nos retira do “lugar comum”, e nos faz querer que ele renda lucros (produza frutos); e, na medida desse rendimento, transforma-nos nele mesmo, naquilo para que nascemos!
O contrário também pode ocorrer, de não o valorizarmos, e assim desvirtuá-lo em nós. As comunidades ou institutos que “perderam a essência” de seus fundadores tendem a viver exatamente o oposto do que eles viviam e realmente queriam viver. Isso é grande tragédia!
O fundamento de um carisma autêntico está no Amor-Ágape vivido concretamente, pois sem o Amor não seria possível vivê-lo em nós, nem sequer seria manifestado! Tudo começa e termina no Amor!
Critérios de eclesialidade
Os critérios de eclesialidade nada mais são que os “elementos” mais importantes que uma comunidade deve manifestar no que se refere à comunhão com a Igreja. A autenticidade ou não de um carisma tem por base tais critérios que, fundamentais e indispensáveis para seu serviço na igreja, serão provados e comprovados pelas autoridades competentes à luz do Espírito Santo.
Segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, (CNBB – Igreja Particular, Movimentos Eclesiais e Novas Comunidades, 2009)[ii], as Novas Comunidades ressaltam o direito que os leigos têm de se engajarem na Igreja, o qual provém do batismo e, apresentam os cinco critérios de eclesialidade:
- O primado dado à vocação universal de todo cristão: a santidade;
- A responsabilidade em professar a fé católica, no seu conteúdo integral;
- O testemunho de uma comunhão sólida e convicta com o Papa e com o bispo;
- A conformidade e a participação na finalidade apostólica da Igreja: a evangelização, a santificação e a formação cristã dos povos;
- O empenho de uma presença na sociedade humana, a serviço da dignidade integral da pessoa humana.
[i] As Novas Comunidades no contexto sociocultural contemporâneo / Wagner Ferreira. – São Paulo, SP: Editora Canção Nova, 2012.
[ii] Col. Subsídios Doutrinais CNBB – 03. Igreja Particular, movimentos eclesiais e novas comunidades. Ed. Paulinas-2009.
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Lucas Lastória – fundador da Comunidade Missão ATHOS2 (Diocese de Amparo)