Acaba de ser publicado nosso livro “O caminho cartusiano pelo deserto: magistério dos últimos Papas sobre a Cartuxa”, de 84 páginas ilustradas. É inédito em português.
A obra reúne – como o próprio subtítulo diz – os ensinamentos de Papas dos séculos XX e XXI sobre a austera Ordem Cartusiana (ou Cartuxa), nascida em 1084, na França, e que, em 1984 – 900 anos depois da fundação, portanto –, chegou ao Brasil. Temos entre nós a Cartuxa Maria Medianeira, em Ivorá (RS).
Aqui, importa dar aos nossos estimados leitores uma breve ideia do muito que o livro contém em suas três partes.
Na I, estão os textos dos Papas: de Pio XI a Francisco. Pio XI, na famosa Constituição Umbralitem vitam, aprova, em sua forma específica, os Estatutos da Ordem Cartusiana, revisados conforme as prescrições do Código de Direito Canônico de 1917, e trata do ofício e excelência da vida contemplativa, do valor e eficácia da oração e da penitência dos contemplativos. O Beato Paulo VI, na Carta Optimam partem, louva a vida contemplativa, de modo específico como é vivida na Ordem Cartuxa e defende a importância dos monges sacerdotes que não exercem seu ministério junto aos fiéis em geral. Temos também belos textos dos Papas São João Paulo II, Bento XVI e Francisco.
Na parte II, estão trechos de documentos pontifícios que fazem referências à Ordem Cartusiana e, na III, há excelente artigo de um monge cartuxo sobre a Cartuxa Maria Medianeira do Brasil com seu modo de vida solitário e comunitário, ou seja, eremítico e cenobítico ao mesmo tempo. Afinal, “o Cartuxo é um eremita (solitário), que tem uma parte da vida como cenobita (em comum). É uma comunidade de solitários. São Bruno escolheu para a vida dos seus filhos as vantagens da vida solitária e as da vida em comum” (p. 73).
Mais: “Sem dúvida a vida cartusiana é austera, nela se prescinde dos confortos desnecessários. Há mais de nove séculos ela está prudentemente organizada considerando as necessidades da natureza e de cada pessoa. Não supõe nada de extraordinário, mas converte-se numa ajuda positiva, numa fonte de profunda alegria, pois damos com generosidade o nosso tudo Àquele que, antes, deu-Se a nós totalmente” (p. 74).
A obra consta ainda de um Vocabulário capaz de ajudar às pessoas não habituadas a termos religiosos monásticos e de uma indicação de obras de monges cartuxos em publicadas no Brasil.
O Prefácio do livro é do Cardeal Dom Orani João Tempesta, O. Cist, arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro. Diz ele: “Este livro merece ampla divulgação, leitura e estudo. Foi preparado por um monge cartuxo que, seguindo a tradição da Ordem, não assina o nome, e elaborado pelo Ir. Vanderlei de Lima, eremita diocesano de Amparo, seguidor da rica espiritualidade do Beato Charles de Foucauld. É uma obra que vem enriquecer ainda mais a bibliografia monástica no Brasil, desfazendo também todos os mitos criados em torno dessa venerável Ordem. Sejam ricamente abençoados todos os monges e monjas da Ordem da Cartuxa, bem como cada leitor(a) deste livro. Que ele ajude a suscitar muitas e santas vocações para a vida monástica!” (p. 8).
Terminamos este artigo com as palavras do Papa Francisco aos filhos e filhas de São Bruno: “Saúdo, com particular afeto, cheio de admiração, às filhas e aos filhos espirituais deste grande santo. Pela sua consagração, mostram de maneira muito bela aos homens deste tempo a fé no Deus revelado em Jesus Cristo como a verdadeira e única luz ‘capaz de acender toda a existência do homem […], uma luz que vem do futuro, que entreabre ante nós grandes horizontes e nos conduz mais além de nosso ‘eu’ isolado, até a amplidão da comunhão’ (Lumen Fidei, n. 4)” (p. 52).
Informações: https://www.livroscatolicos.net/ ou toppaz1@gmail.com.
Ir. Vanderlei de Lima é eremita na Diocese de Amparo