A Igreja se prepara para celebrar o Natal do Senhor. O Filho eterno do Pai fez-se homem para encher de Vida divina a nossa existência humana. Antes, parecia que Deus era Deus somente de Israel, esquecendo os outros povos. Agora, não! Com a aproximação do Santo Natal, contemplamos a benevolência de Deus para toda a humanidade: no segredo do seu coração havia um amoroso e misterioso projeto: salvar toda a humanidade pelo fruto que haveria de vir da raça de Israel, da tribo de Judá, da Casa de Davi.
O que nos deve encantar não é somente a grandiosidade desse Mistério, mas também o modo como o Senhor o realiza: ele age no escondido da história humana, na pequenez de nossas vidas, nas humildes decisões de nossa existência. Primeiro, o rei Davi, que desejava humildemente construir uma Casa para o Senhor, fica sabendo que é Deus quem lhe construirá uma Casa, isto é, uma descendência, da qual nascerá Aquele bendito fruto que enche de alegria o nosso coração. Eis a bondade do Senhor, que de um simples pastorzinho fará nascer o Salvador que reina para sempre. Depois, pensemos em José, aquele que tinha recebido como noiva uma virgem chamada Maria… José, homem simples, membro pobre da família de Davi, simples artesão, que vivia na justiça do Senhor. E o Senhor, misteriosamente o escolhe para ser o esposo daquela na qual se cumprirão as profecias. Bendito José! Jamais esperaria tal coisa! Ele, um simples carpinteiro, seria cuidador, tutor, guardador de um filho que não seria seu, e seria chamado de pai pelo Filho eterno do eterno Pai!
Pensemos enfim em Maria, uma jovenzinha pobre das montanhas da Galileia. Deus lhe dirige a palavra, faz-lhe a mais estonteante proposta que alguém jamais escutara: ser, virginalmente, a mãe do Messias, a Mãe do Filho de Deus, a Terra bendita e santa na qual brotaria a Raiz de Jessé, o Rebento prometido; ser a doce Aurora do Dia sem fim, ser a Estrela d’Alva que prenuncia o Sol eterno!
Tão grande plano de salvação deu-se, pois, na simplicidade de vidas humanas que foram dizendo sim ao Senhor, que foram se abrindo para ele nas pequenas e escondidas ocasiões da vida: Maria, a Virgem; José, o pobre carpinteiro; Davi, o pastor que se tornou rei… E agora o Senhor vem e convida a nós – você e eu – a abrir nossa vida, nosso pequeno cotidiano, para a sua presença. Através de cada um de nós ele deseja continuar a obra de sua salvação, deixar a marca da sua presença neste mundo enfermo e cansado.
Henrique Soares da Costa
Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (24.12.17 – 4º Domingo do Advento)