Estamos, a convite da CNBB, celebrando o Ano Nacional do Laicato.
Por leigo entendemos todo fiel batizado, homem e mulher, que não é sacerdote (caso apenas dos homens) ou consagrado(a) na vida religiosa pelos votos de pobreza, castidade e obediência – ainda que também existam leigos/as consagrados (as) por meio de votos ou de outros dispositivos canônicos semelhantes.
O que, no entanto, se ressalta é a nobre missão de cada fiel leigo(a) ser, a pedido de Cristo, sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13-14), ou seja, uma pessoa que sabe, no meio do mundo, dar sabor e oferecer luz às realidades mais sombrias da vida, nas quais, talvez, o (a) religioso(a) ou o sacerdote não possam se fazer presentes, diretamente, como é o campo político partidário, por exemplo.
Em linhas muito gerais, mas decisivas, trata-se do seguinte: A hierarquia da Igreja ou os clérigos (diáconos, sacerdotes e bispos) não deve se envolver em política, no que diz respeito a dar opinião sobre qual seria a melhor forma de governo (monarquia, presidencialismo, parlamentarismo) ou preferir determinados partidos políticos (de direita, de centro ou de esquerda).
Aos leigos, sim, compete fazer política no sentido profissional da palavra. Cabe-lhes o direito de, à luz do Evangelho, transformar a realidade sociocultural deste mundo visando o benefício de todos. Bem formados por seus pastores, os leigos darão testemunho de Cristo ao mundo, por meio de suas ações políticas, com plena responsabilidade e liberdade, ou seja, atuando como adultos na fé, por sua conta e risco.
A Igreja deve, no entanto, se pronunciar sempre que estiverem em jogo pontos de fé e de moral (defesa da vida, da família, do bem comum etc.). Sim, pois, se é lícito (e é) ao fiel católico filiar-se, votar ou apoiar partidos políticos de centro, de direita ou de esquerda, ou, ainda, defender sistemas de governos diferentes (parlamentarista, monárquico ou presidencialista), nunca é lícito contrariar a fé e a moral da Igreja. Nenhum leigo(a) pode defender aborto, ideologia de gênero, comunismo etc.
Daí ser “de justiça que a Igreja possa dar em qualquer momento e em toda parte o seu juízo moral, mesmo sobre matérias relativas à ordem política, quando assim o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas, utilizando todos e somente aqueles meios que sejam conformes ao Evangelho e ao bem de todos, segundo a diversidade de tempos e situações” (Gaudium et Spes, n. 76).
Completa o Pe. J. I. Langlois: “Os juízos do Magistério eclesiástico sobre matérias políticas e sociais devem basear-se em verdades reveladas […]. Partindo desta condição, a Igreja tem pleno direito de intervir, mesmo fazendo uso da sua autoridade – dando critérios de ação uniformes aos católicos –, sempre que estejam em jogo os direitos de Deus ou da Igreja, bem como a salvação das almas” (Igreja e Política. S. Paulo: Quadrante, 1987, p. 31).
Santa Quaresma e Páscoa!
Ir. Vanderlei de Lima é eremita na Diocese de Amparo