Artigos de Liturgia, n. 14; Fevereiro de 2017
Seminarista Rafael Spagiari Giron
Assessor da Pastoral Litúrgica Diocesana
Queridos irmãos e irmãs, filhos amados de Deus!
Após visualizarmos a importância e existência do Espaço Litúrgico em nossa igreja, vamos olhar um pouco para a sua formação no decorrer da História da humanidade. Vale mencionar que o que será apresentado abaixo é um resumo de toda a História; em cada momento há muitos outros detalhes que não são apresentados aqui. Também vale mencionar que o espaço de celebração é o local em que nos encontramos, como comunidade, para celebrar e, por isso, foi-se alterando conforme os costumes dos povos.
No Antigo Testamento, encontramos dois principais espaços preparados e organizados para o encontro com Deus. No início da Aliança de Deus com seu povo, nos deparamos com a “Tenda da Reunião” (local em que Deus falava com Moisés “face a face” e, também, local que abrigava a Arca). Essa Tenda era construída em local mais distante do povo; era sinal de Deus presente na comunidade, Deus que caminhava com os seus eleitos. Mais tarde, vemos a presença dos Santuários como locais construídos para que o povo pudesse elevar suas preces a Deus e oferecer sacrifícios (animais) como forma de oferenda. Um exemplo é o Santuário de Siquém, citado nos textos bíblicos.
Na época de Jesus (Novo Testamento) havia dois espaços de oração e de culto: a Sinagoga e o Templo de Jerusalém. De maneira geral, podemos dizer que o Templo de Jerusalém era uma grande construção na qual os judeus se reuniam. Todos os judeus deviam peregrinar ao Templo regularmente, por ser a Casa de Deus por excelência, o lugar onde Deus habitava. Sua presença se concentrava no chamado “Santo dos Santos”, local em que somente o sacerdote podia entrar para oferecer o sacrifício, e todo o povo permanecia ao redor. Nesse Templo havia toda uma hierarquização e uma organização bem estruturada do culto. Já as Sinagogas eram espaços mais de oração e de escuta da Palavra de Deus (Torah), e não de sacrifícios. Por isso, permitia uma melhor participação do povo judeu.
O Espaço Litúrgico cristão-católico nasce tomando características da Sinagoga. Isso porque os primeiros cristãos, continuadores da obra e mensagem de Jesus Cristo, viveram e frequentaram o Templo e a Sinagoga. Aos poucos foram se desvinculando do judaísmo e reunindo-se nas casas de outros seguidores de Jesus. Essas casas passaram a ser conhecidas como “Domus ecclesiae” – “casa da Igreja”. Nelas os cristãos repetiama Ceia de Jesus (o partir do pão). Vale observar que a “Igreja” não é o templo, mas cada uma das pessoas reunidas (a palavra “igreja” significa congregação, assembleia); por isso, “casa da Igreja”.
Aos poucos esses espaços cristãos passam a ser insuficientes e começa-se a comprar casas maiores e destiná-las ao culto. O culto inaugurado por Jesus traz um novo sentido ao templo (construção de pedras). O Templo verdadeiro passa a ser o próprio corpo da pessoa (o Espírito Santo habita em cada um). E o templo de pedras passa a ser o ponto de encontro dessa comunidade que possui o Espírito Santo em seu ser.
Algo interessante para pensarmos é que a liturgia, para os primeiros cristãos, não acontecia somente em um local, como hoje acontece. Os primeiros cristãos se movimentavam – caminhavam para outros “cômodos” (tinham o local da Palavra, o local da Eucaristia, o local do Batismo…). Por isso, hoje também há o movimento do padre para o “local da Palavra”, o “local do batismo”, entre outros.
Com o passar da História da humanidade, e as construções das Igrejas, os espaços vão configurando-se às novas formas e culturas. Hoje reunimo-nos em casas, capelas, santuários, basílicas e outros lugares; muitas são as oportunidades de reunião e celebração. O que não podemos esquecer é que, independente de onde estivermos, a Igreja é formada pela nossa união. Os símbolos e sinais dos templos de oração devem nos levar ao contato com Deus para descobrirmos o que poderemos fazer de melhor para ajudar e praticar o amor com os que estão ao nosso lado.
No próximo artigo adentraremos em nosso Espaço Litúrgico para visualizarmos suas diferentes partes e o significado de cada uma delas. Por hora, contemplemos os espaços de nossa igreja e percebamos neles a ação de Deus. Boa experiência de fé!
Para ler o artigo n. 13 clique aqui: ESPAÇO LITÚRGICO – Parte 1