Dogma da Imaculada Conceição

A doutrina da Imaculada Conceição, ao longo da história da Igreja, não foi aceita por todos, em todos os tempos e lugares. Grandes pensadores, teólogos tinham posições contrárias sobre a Virgem Santa Maria, como por exemplo: Agostinho, no século V, afirma a total ausência de outros pecados em Maria, mas não do Pecado Original, pois para ele a chegada de Maria ao mundo, não difere da vinda de todos nós mortais, descendentes de Adão. Já o teólogo dominicano Tomás de Aquino defendia a tese que Maria teria sido purificada do Pecado Original durante a gestação.

No século XII, o beneditino, Eadmer de Cantuária no seu Tratado sobre a Conceição da Beata Maria Virgem, utiliza uma metáfora que se tornou famosa: “a concepção imaculada de Maria seria como a castanha que sai de um fruto espinhoso (o pecado) sem ser ferida por ele. Eadmer cunhou o argumento de conveniência”. Coube ao franciscano Duns Scoto dar a resposta que orientaria a teologia. Ele cria a expressão “pré-redenção”, ou seja, em Maria a graça atuou de forma preventiva. Maria foi preservada do pecado original em previsão dos méritos de Cristo. Isto significa dizer que, sem essa graça especial, também ela teria tido o pecado original.

No século XIX, crescia a devoção do povo católico a Maria e, foi aí que a Igreja toma uma posição com o Papa Pio IX que, em 1848 instituiu uma comissão teológica de especialistas para estudar a possibilidade da proclamação do dogma da Imaculada e, em 1849 escreve uma carta a todos os bispos do mundo pedindo a opinião sobre o assunto. Tendo a resposta sido quase unânime em favor da proclamação, então o Papa aos 8 de dezembro de 1854, na Bula “Ineffabilis Deus”, define oficialmente o dogma da Imaculada Conceição. Pio IX declarou:

A doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda a mancha de pecado original, essa foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida, firme e inviolável por todos os féis”.( PIO IX. Ineffabilis Deus, – Dogma da Imaculada Conceição. Bula Papal 1854).

Assim, Pio IX proclama a verdade sobre a Imaculada Conceição de Maria como dogma de fé. Na bula Papal ele declara a santidade da Virgem Santa Maria desde o primeiro momento da sua existência, desde a sua Conceição, ou seja, que Maria foi preservada desde sempre da mácula do pecado original, no qual nascem todos os filhos de Adão. A Virgem Maria foi desde o início da sua vida, toda pura, santa e imaculada.

Em Maria, começa o processo de renovação e purificação do homem. Maria é toda santa, toda de Deus, protótipo do que somos chamados a ser. Maria é fonte de santidade para a Igreja: também nós, à medida que crescemos na santidade, santificamos a Igreja. Sua missão a une a nós: precisamos de Cristo para a salvação; Maria é quem nos deu Cristo, o Salvador, Em Maria e em nós atua a mesma graça: se Deus pôde realizar nela o seu projeto, também poderá realizá-lo em nós, desde que colaboremos com a sua graça, como ela o fez. Maria é a criatura humana em seu estado melhor.

A Imaculada Conceição de Maria é projeto de Deus em vista dos méritos de seu Filho Jesus Cristo, o Salvador de todo gênero humano, pois quis o Senhor preservar da manha do pecado original aquela pela qual nasceria o salvador da humanidade. Como tão bem nos diz São Luiz Maria de Montfort: “No seio virginal de Maria, Deus quis preparar o paraíso do novo Adão”.

Assim, o Dogma de Maria concebida sem a mancha do pecado original, nos leva a rezar que em Maria começa o processo de purificação de todo o povo de Deus. A graça que agiu em Maria é graça que pode agir em nós também e, como Maria, Deus quer realizar seu projeto de amor em nossa vida. Por isso, o dogma da Imaculada Conceição nos leva a celebrar a grandeza de Maria, cujo coração sempre disse Sim para a vontade do Senhor.

Pe. Eder Pradella

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