DESPOSADOS COM CRISTO

No meio da noite ouve-se um grito: “Eis o esposo, ide ao seu encontro”. O esposo é Cristo: ele vem de improviso, chamando para o banquete eterno os fiéis, personificados nas dez virgens prudentes.

As relações entre Deus e o homem são comparadas a um casamento. O Filho de Deus, ao encarnar-se, desposou a humanidade naquela união indissolúvel que faz dele o Homem-Deus. Consumou depois essas núpcias na cruz onde remiu os homens e os ligou a si, reunindo-os na Igreja, sua mística esposa.

Cristo quer celebrar essas núpcias com cada alma cristã consagrada a Deus pelo batismo. Escreve São Paulo: “Desposei-vos com um esposo, Cristo, para apresentar-vos a ele como virgem pura” (2Cor 11,2). A vida do cristão exige o empenho de fidelidade nupcial a Cristo, fidelidade delicada, cuidadosa, ardente, inspirada por um amor que não admite mistura. Assim vivida, toda a existência é uma vigilante espera do esposo, ocupada em boas obras, representadas na parábola pelo óleo que alimenta a lâmpada da fé.

As virgens prudentes estão bem providas. Podem, portanto, enfrentar o prolongamento da vigília noturna e, à chegada do Esposo, estão prontas. Ao contrário, as virgens insensatas, que representam os cristãos negligentes no cumprimento dos seus deveres, veem apagar-se suas lâmpadas, chegam tarde demais e em vão suplicam: “Senhor, Senhor, abre-nos!”

Para alcançar a salvação, não basta chamar por Deus, exige-se “a fé que opera pela caridade” (Gl 5,6). Por isso as virgens insensatas ouvem a resposta: “Não vos conheço!”; é a mesma resposta dada aos que pregaram o Evangelho, mas não o praticaram (Mt 7,23). Cristo não os reconhece como ovelhas do seu rebanho, porque não ouviram sua voz, nem como amigos, porque não observaram seus mandamentos, e por isso os exclui da intimidade de suas núpcias eternas.

Por isso a 1ª leitura louva a busca da sabedoria de Deus, que torna os homens prudentes e lhes ensina a não desperdiçar a vida em coisas vãs, e sim a empenhá-la no serviço divino. Quem “a ela dedica as suas vigílias” estará preparado para a chegada do Esposo.

A 2ª leitura mostra que somente se afligem com a morte aqueles que não têm esperança, porque não sabem que os fiéis serão incorporados a Cristo e chamados a participar de sua glória. É esta meta luminosa que nos motiva a viver vigilantes e nos ajuda a olhar com serenidade a morte que nos introduz nas núpcias eternas, onde estaremos para sempre com o Esposo.

Gabriel de Santa Madalena (Intimidade Divina)

Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (12.11.17 – 32º Domingo Comum)

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