O sacerdote e o levita que “viram e passaram adiante” representam a antiga Lei que, por si só, é incapaz de salvar o homem…
O fariseu que questionou Jesus conhecia muito bem a Lei, mas ela “não estava em seu coração”, como recomenda a 1ª leitura… e por isso ele não a colocava em prática. Também hoje, “conhecer” a lei não nos transforma em seguidores de Jesus, se não a colocamos em prática, ou seja, se não amamos. Cumprir a lei é praticar o amor.
O sacerdote e o levita da parábola priorizaram a “letra” da lei, pois sabiam que tocar no ferido os tornaria impuros. Esqueceram-se de que a lei existe para nos ajudar a amar, e não para nos separar de nossos irmãos.
O homem ferido somos todos nós, que tantas vezes abandonamos a “Jerusalém” da vida em Deus pela “Jericó” do pecado. E Jesus, rejeitado pelos seus (assim como os samaritanos eram rejeitados pelos judeus), vem em nosso socorro, cuida de nós e nos salva. A “hospedaria” à qual ele nos confia é a Igreja, chamada a dar continuidade à sua missão salvadora, com as “duas moedas” da Eucaristia e da Palavra a ela entregues por Jesus, mas também com a nossa colaboração pessoal. Em seu retorno, ele nos pagará com juros…
Cristo é a verdadeira imagem de Deus (2ª leitura). A partir dele, que, assumindo a nossa natureza, tornou-se nosso “primogênito” junto ao Pai, o nosso caminho para o Pai passa por ele e pela imitação do seu exemplo… (“Vai e faze o mesmo!”)
Deus imprimiu sua lei em nosso coração. É o que chamamos de “lei natural”, pois todos nós, no fundo, sabemos o que é certo, mesmo sem ter estudado a lei. Por isso mesmo, o maligno se aplica em perverter nosso coração e em corromper nossa consciência, para que já não saibamos discernir entre o bem e o mal. No tempo de Jesus a “letra” da lei sufocava a consciência. Hoje a lei já foi esquecida, e a própria consciência está sendo corrompida, distorcida, destruída, para que escolha o que não é bom, inclusive distorcendo o sentido do amor. Na ideologia de gênero, por exemplo, embora se fale em “escolha”, na verdade não se dá a liberdade para que o menino escolha ser menino ou a menina escolha ser menina. A única “escolha” que lhe é dada é para ser o contrário daquilo que de fato é. Sob o pretexto da liberdade, o maligno nos torna escravos e destrói o nosso ser. Só Jesus se compadece de nós, nos resgata e cura nossas feridas… e espera que o imitemos.
Margarida Hulshof
Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (10.07.16 – 15º Domingo Comum)