“CONTAMINEMO-NOS” COM A PAZ DO RESSUSCITADO

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No evangelho do domingo da misericórdia, como é chamado o 2º domingo da Páscoa, o texto bíblico que lemos ou ouvimos e meditamos, inicia afirmando que os discípulos estavam num lugar fechado, por medo dos judeus, medo este por causa do que tinha acontecido com o Mestre, na cruz. Mas Jesus Ressuscitado entra naquele lugar, independente de estar fechado, e lhes diz: a paz esteja convosco!

O medo que nos angustia neste tempo, como nunca vivemos em nossa vida, faz com que tenhamos que nos “esconder” dentro de nossas casas.

Talvez este medo, por parte de muitos, esteja sendo até exagerado, em nossa avaliação pessoal, porém, possivelmente, pensaríamos diferente se sentíssemos as consequências dele em alguém mais próximo a nós, seja pelos laços de vizinhança, de amizade, e, talvez, dependendo da pessoa, principalmente familiares.

O medo, aqui, tem a sua razão de ser, não como algo que nos paralisa, mas como cuidado com a vida humana, não importa de quem, pois Deus não faz diferença de pessoas, e, como sabemos, como cristãos, o que queremos de bem para nós não pode ser pensado e buscado de forma egoísta.

Mas este inimigo sutil e de tão grande poder destrutivo que está lá fora, ou talvez, tão próximo a nós, inclusive em alguém que jamais desejaria o nosso mal, mas que pode nos contaminar com ele, como o inverso também é verdadeiro, não pode ter uma força que o nosso medo atribui a ele maior do que a força da paz que o Ressuscitado nos oferece, não dispensando, evidentemente, os cuidados que precisamos ter em todo momento.

Como bem sabemos, a paz de Jesus não é, simplesmente, um voto afetuoso ou cordial. É, verdadeiramente, o bem estar que precisamos para gozarmos de uma saúde que precisa ser compreendida, buscada e oferecida no seu significado amplo, ou seja, uma vida de qualidade para o corpo, mas também para a mente e a alma.

O que estamos vivenciando ajuda-nos a refletir, certamente, inclusive por diversos artigos e tantas mensagens que já lemos ou ouvimos, que é importante considerarmos nossa incoerência ou contradição, quando, desejando viver bem, oferecemos aos outros, também a quem amamos, e, muitas vezes, involuntariamente, uma vida “envenenada”. O problema é que este veneno tem uma aparência bonita, um gosto ou um cheiro atrativo, e é aí que ele vai se disseminando como algo bom, por incrível que pareça, até que percebamos todo um ambiente contaminado e doente. E este ambiente, hoje, diante desta realidade, é, praticamente, o tamanho do mundo.

Nas “portas fechadas” das nossas casas, fazendo uma alusão àquele ambiente dos discípulos, Jesus quer se fazer presente, com tudo o que de bom ele – e somente ele – pode oferecer.

Por que somente ele? Porque ressurreição é uma vida nova que ninguém, além dele, tem o poder de oferecer.

Se, em nossa fé, que, naturalmente, precisamos cultivar, ou seja, não afirmarmos que a temos apenas como uma herança familiar, por mais importante que esta seja, se, com ela, acreditamos, com toda a nossa mente, o nosso coração, a nossa alma, que a cruz foi o maior sofrimento do mundo com o maior amor do mundo, então, a paz de Jesus que você, o senhor, a senhora precisa, o seu casamento, o meu ministério precisa, o seu lar, a sua vida e a vida do mundo precisa, não é qualquer paz.

Permitamos que esta paz habite em nosso ambiente doméstico, em nossa Igreja da Casa! Que ela, isto é, Ele, faça morada em nós, justamente neste tempo em que mais ainda sentimos a Sua falta, pela ausência na participação da comunidade, particularmente no momento da celebração eucarística.

A eucaristia é um alimento insubstituível, sem dúvida, pelo seu valor incomensurável, mas o Senhor nos alimenta também com a Sua Palavra e com o nosso encontro com a outra pessoa, seja na vida conjugal, seja familiar. Não desconsideremos a importância dessa presença e desse alimento que fortalece a nossa saúde emocional ou psíquica e espiritual e que, por sua vez, reflete também em nosso corpo, e nos possibilita, em cada “hoje” angustiante, sombrio, mas esperançoso, aguardarmos o “amanhã” luminoso.

No calendário litúrgico da Igreja Católica, a Páscoa continua, enquanto tempo que se estende até o último domingo e último dia de maio, neste ano. Favoreçamos, pois, que a paz do Ressuscitado nos “contamine” abundantemente e fecunde o nascimento de um “novo céu e uma nova terra” que não se restringem ao ambiente externo nem ao tempo futuro, quando este mundo passar, e, sim, que tem seu início no íntimo deste imenso universo que cada ser humano traz em si mesmo.

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No dia 16 de fevereiro, das 8h às 15h, no Centro de Pastoral São João Paulo II, ao lado da Matriz São Sebastião, realizaremos