CARTA ao POVO DE DEUS (por ocasião da SEMANA SANTA)

Amparo, 3 de abril de 2020.

Querido povo diocesano, fiel rebanho do Bom Pastor em nossa amada Diocese de Amparo, paz e bem, na graça e na paz do nosso Deus Uno e Trino!

Com absoluta certeza, o que estamos vivenciando há vários dias, é motivo de muito pensar, de refletir e, certamente, “re-pensar” seriamente a vida de cada pessoa em particular, sem, no entanto, jamais desligando-se da realidade que, indiscutivelmente, nos faz admitir nossa pertença a um todo, um conjunto de pessoas, de irmãs e irmãos, sem limitações geográficas, vivendo dentro de um universo terrivelmente doente.

Nesta dramática realidade de luta contra o forte inimigo invisível do coronavírus, o Senhor, nosso Deus, Supremo Poder, quer muito nos falar, obviamente, e é aqui que devemos alimentar, dia a dia, a esperança que não nos decepciona, porque não há verdade maior do que esta: Deus nos ama!

Convictos, seguramente, desta plena verdade, celebraremos a Semana Santa, a Grande Semana, como a chamamos há muito tempo.

Como, acredito, todos podem perceber, precisaremos vivenciar a belíssima espiritualidade de cada dia e cada celebração, principalmente no ápice dessa Semana, que também é o centro e o cume de todo o ano litúrgico da nossa fé católica – o Tríduo Pascal –, no ambiente da nossa casa, no qual já nos encontramos, com raras exceções, há vários dias.

Mesmo diante dessa rigorosa necessidade, não deixemos passar esses dias com menor piedade ou devoção, ou uma fé enfraquecida, pois agora, mais ainda, o Senhor Jesus, Salvador e Redentor, quer nossa profunda comunhão com Ele e com todos os irmãos e irmãs, em cada momento forte das celebrações do grande mistério da nossa fé.

Se, até agora, desde quando fomos convocados a nos recolher em nossa casa, acompanhamos a Santa Missa dominical ou até diária, pelos meios de comunicação, com fervor e sincero desejo de que nosso ambiente doméstico fosse a Igreja na qual o Senhor se faz presente, busquemos, profunda e intensamente, na triste distância física que nos separa da igreja-templo e da comunidade, a proximidade com Aquele que nos espera, em cada situação dos seus últimos dias, até chegar à Ressurreição, num maravilhoso encontro pessoal, em nosso próprio lar.

Com a orientação da Santa Sé (Vaticano), e consequente aprovação do nosso querido Papa Francisco, em conformidade com as determinações de nossas autoridades civis, permitamos que esta Semana Santa, em especial, e posterior início do Tempo Pascal, diante de uma realidade tão incomum e angustiante, sejam, também aos nossos padres, diáconos e a mim, ao invés de ocasião de desânimo, oportunidade especial de vigorosa e afetuosa intimidade com Aquele que jamais nos abandona.

Ele, que entrou em Jerusalém, montado num jumentinho, reuniu-se com os seus discípulos no perfeito amor, para lavar-lhe os pés e dar-se a si mesmo como alimento, que permitiu, no mesmo amor, ser desfigurado nos açoites e, principalmente, na cruz, é o RESSUSCITADO, SENHOR DA VIDA E DA HISTÓRIA, da sua, da minha e até de quem não acredita n’Ele.

Com diversas opções que temos, sintonizados nos canais de TV, particularmente os de inspiração católica, ou acompanhando por alguma emissora de rádio ou pela internet, não nos sentiremos distantes uns dos outros, pois Jesus estará conosco, fazendo-nos experimentar Sua presença de tal maneira que poderemos constatar que cada liturgia dessa semana privilegiada, no recolhimento do ambiente da sala ou do quarto, sem distrações, será de grande proveito.

A Senhora do Amparo, Santíssima Virgem Maria, Senhora das Dores e Rainha do Céu e da Terra, de quem temos a honra de invocá-la como nossa Padroeira, nos acompanhará com sua afetuosa e poderosa intercessão e, junto a Seu Filho, com o Pai e o Espírito Santo, bem como todos os anjos e santos, nos agraciará com a vitória nesse combate!

Nossa Senhora do Amparo, amparai-nos!

Carinhoso abraço!

Dom Luiz Gonzaga Fechio

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