Diz o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 267, “O rito essencial da Confirmação é a unção com o santo crisma (óleo misturado com bálsamo, consagrado pelo Bispo), feita com a imposição da mão por parte do ministro que pronuncia as palavras sacramentais próprias do rito. No Ocidente, tal unção é feita sobre a fronte do batizado com as palavras: ‘Recebe por este sinal, o Espírito Santo, o Dom de Deus’”. O ministro ordinário desse sacramento é o bispo diocesano. O extraordinário, o sacerdote.
Aqui, já temos a matéria e a forma do sacramento da Crisma. Sim, a matéria é a unção com óleo e a imposição das mãos. Ainda que entre os teólogos haja debate sobre qual dos dois é essencial, há uma posição a afirmar que ambos são importantes. Escreve Bartmann, Teologia dogmática III, p. 126, que a Unção “na Igreja latina é feita somente na fronte; na Igreja grega faz-se também no peito, nos pés, nos ouvidos, nos olhos, no nariz. Há também outras cerimônias como o pequeno tapa, símbolo da resistência nas batalhas da fé e o lenço do crisma que se usava antigamente, por três dias sucessivos, em torno da cabeça e se retirava com um rito especial”. A forma (palavras) da Crisma teve pequenas variações ao longo do tempo. Hoje, é a que está no Compêndio: “(Nome), recebe por este sinal, o Espírito Santo, o Dom de Deus”. O crismando responde: Amém.
Vale a pena explorar um pouco desse valioso simbolismo contido na matéria da Crisma. O Prof. Felipe Aquino, no livro Os sete sacramentos (Cléofas), p. 34, escreve: “Para os judeus o óleo da oliveira era sinal da bênção divina (Dt 7,13; Jr 31,12) e de salvação (Jl 2,9). Ele tinha um valor muito grande: é bálsamo que perfuma o corpo (Am 6,6; Est 2,12), fortalece os membros (Ez 16,9), tira a dor das feridas (Is 1,6; Lc 10,34); por isso, é símbolo da alegria (Sl 103,15). Derramar óleo sobre a cabeça de alguém era desejar-lhe felicidade e alegria, e prova de amizade e honra (Sl 22,5; 91,11; Lc 7,46; Mt 26,7). Era usado para ungir os reis e sacerdotes em sinal de escolha divina e de consagração a seu serviço, e era acompanhada da presença do Espírito que tomava posse da pessoa escolhida (1Sm 16,12-13). A imposição das mãos era sinal de bênção (Gn 48,14-16; Mc 10,16), consagração de alguém (Nm 8,10; 27,15-23), identificação de vítima oferecida (Lv 16,21; 1,4; 3,2; 4,4), transmissão de dons a alguém (At 6,6; 13,3; 1Tm 4,14; 5,22), cura de enfermidade, como Jesus fez (Lc 13,13; Mc 8,23-25; Lc 4,40; Mc 16,18; At 9,12; 28,8)”.
Pe. Leo Trese, na obra A fé explicada, p. 255, diz: “O crisma é um dos três óleos que o bispo benze todo ano na sua Missa de Quinta-Feira Santa. Os outros dois são: o óleo dos catecúmenos (usado no Batismo) e o óleo dos enfermos (usado na Unção dos Enfermos). Todos os santos óleos são de azeite puro de oliveira. Desde a antiguidade, o azeite de oliveira é considerado como uma substância fortificante, tanto que muitos atletas costumavam untar o corpo com ele, antes de participarem de um certame atlético. O significado dos santos óleos que são utilizados na administração dos sacramentos é, pois, patente: o azeite significa o efeito fortificante da graça de Deus. Além da bênção especial e diferente que cada um recebe, o crisma tem outra particularidade: é misturado com bálsamo, uma substância aromática que se extrai dessa árvore. No crisma, o bálsamo simboliza a ‘fragrância’ da virtude, o bom odor, a atração que deverá desprender-se da vida daquele que põe em movimento as graças da Confirmação”.
As longas citações que, propositadamente, fiz, aqui, demonstram a importância fundamental do (a) crismado(a) na vida da Igreja. Vivencie, portanto, irmão e irmã, sua Crisma, e se você ainda não foi crismado(a), informe-se da preparação em sua paróquia.
Leia também -> O SACRAMENTO DA CRISMA
Padre Bruno Roberto Rossi, Paróquia São Francisco de Assis/Serra Negra