ACOLHER CRISTO É OUVI-LO

RV17555_ArticoloMarta e MariaEm todas as civilizações antigas, especialmente entre os povos nômades, a hospitalidade é sagrada, é um ato religioso. Para Israel, acolher um estrangeiro era lembrar-se de que outrora tinha sido também estrangeiro e escravo no Egito. Para nós, é um lembrete de que somos todos “estrangeiros” neste mundo, pois estamos aqui só de passagem.

Vivendo a hospitalidade cristã, acolhemos em nossa vida o próprio Deus, que nos recompensa largamente. Também Jesus, peregrino em nosso mundo, não foi recebido pelos seus. Mas quem o recebe se torna fecundo, gerando em si mesmo o filho de Deus…

Os judeus não o receberam porque não o reconheceram. E não o reconheceram porque não o acolheram. Os discípulos de Emaús só o reconheceram quando lhe ofereceram hospitalidade… Por isso somos convidados a praticar a caridade, acolhendo a todos, mesmo os inimigos, como se fosse o próprio Cristo.

Mas acolher Cristo é principalmente ouvi-lo, colocar-nos em atitude receptiva, sabendo que de nada adiantam nossos esforços, nosso trabalho, se não for iluminado por sua graça, se não o deixamos agir em nós – ou seja, se não deixamos que seja dele a iniciativa, que seja ele a determinar a direção e a ação.

Jesus não censurou a laboriosidade de Marta, que estava sendo boa anfitriã e querendo oferecer o melhor ao seu Mestre. Trabalhar é preciso, e temos muito trabalho a fazer e muitos sofrimentos a suportar como ministros de Cristo, a exemplo de Paulo (2ª leitura). O que Jesus censura em Marta é o excesso de preocupações, a agitação que lhe tira a paz, uma certa autossuficiência que, sem que nos demos conta, acaba nos deixando orgulhosos e egoístas.

Em outras palavras: Marta não mereceu censura por estar trabalhando, mas… por não ter compreendido a escolha de Maria, e por ter achado que Maria deveria imitá-la, ao invés de aceitar que cada um deve utilizar os dons que recebeu, e servir a Deus segundo a vocação a que é chamado.

Tal atitude é muito comum em nossa cultura de “resultados”, de desempenho, de competição.  Facilmente julgamos mal aqueles que se sentem chamados a uma vida contemplativa, e pensamos que sua vida é inútil e estéril. Certamente o nosso trabalho é importante e necessário, mas “a melhor parte” sempre será estar aos pés de Jesus, deixando-nos formar por ele, para que, então, ele faça de nós o que quiser. Nossa disponibilidade é mais importante que nossa preocupação.

Margarida Hulshof

Texto integrante do folheto ‘DEUS CONOSCO | A PALAVRA ILUMINA – DIOCESE DE AMPARO’ (17.07.16 – 16º Domingo Comum)

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