Nesta primeira sexta-feira do mês de junho, a Igreja celebra a devoção ao Sagrado Coração de Jesus que tem a sua origem na Sagrada Escritura. O coração é um dos modos de falar do infinito amor de Deus por nós. Este amor encontra seu ponto alto com a vinda de Jesus.
A devoção ao Sagrado Coração de um modo visível aparece em dois acontecimentos fortes do evangelho: o gesto de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em jesus durante a última ceia (cf. Jo 13,23); e na cruz, quando o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança (cf. Jo 19,34). No primeiro, temos o consolo pela dor da véspera de Sua morte, e no outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade.
Este dois exemplos do evangelho nos ajudam a entender o apelo de Jesus feito em 1675 a Santa Margarida Maria Alacoque:
“Eis este coração que tanto tem amado os homens… Não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios, indiferenças…
Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento (Corpo de Deus) seja dedicada a uma festa especial para honrar o meu coração, comungando e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares; e prometo-te que o meu Coração se dilatará para derramar com abundância o Divino Amor sobre os que tributam esta divina honra e procuram que ela lhe seja prestada.”
Após as revelações do Sagrado Coração a Santa Margarida Maria Alacoque, a festa, aprovada por Clemente XIII em 1765 para algumas dioceses, foi estendida para toda a Igreja por Pio IX em 1856. No começo do século XX, Leão XIII consagrou todo o gênero humano ao Sacratíssimo Coração de Jesus, em 1928, Pio XI definiu a festa do Sagrado Coração como a característica de nossos tempos.
A festa tem o fim de render o obséquio de nosso amor ao amor infinito de Jesus e a digna satisfação ou reparação devida ao Coração de Jesus, pelos inumeráveis pecados cometidos sobretudo contra a Eucaristia. Muitas almas, fixando morada permanente no Coração de Jesus, são os holocaustos que confortam a Vítima Divina e Lhe fazem a oferta agradabilíssima de suas mortificações e sacrifícios.
A partir do século XIX, foram espalhadas doze fórmulas pretendendo conter as citadas promessas, mas abreviando e deformando os textos de Santa Margarida. Portanto, a metade dessas promessas, se bem que contidas nos escritos da Santa, não figuram neles como palavras de Jesus Cristo. Abaixo, as seis autênticas promessas:
1ª) Para aqueles que trabalham pela salvação das almas:
“Meu Divino Salvador fez-me entender que aqueles que trabalham pela salvação das almas terão o dom de tocar os corações mais endurecidos e trabalharão com êxito maravilhoso se tiverem uma terna devoção para com o divino Coração.” (Vida, p. 275 – II Obras, p. 627)
2ª) Para as comunidades religiosas:
“Ele me prometeu… Que derramará a suave unção de sua ardente caridade sobre todas as comunidades religiosas que O honrarem e se colocarem sob a sua especial proteção, e desviará delas todos os golpes da divina justiça, a fim de colocá-las em estado de graça, quando tiverem caído em pecado” (II Obras, p. 300)
3ª) Para os leigos:
“Os leigos encontrarão, por meio desta amável devoção, todo o socorro necessário a seu estado, ou seja, paz nas suas famílias, o alívio nos sus trabalhos, as bençãos do Céu em todos os seus empreendimentos, a consolação nas suas misérias e encontrarão, precisamente, neste Sagrado Coração, o lugar de refúgio durante toda a sua vida e, principalmente, na hora da morte” (II Obras, p. 627 – Vida, p. 275)
4ª) Para as casas onde for entronizada e honrada a Imagem do Sagrado Coração de Jesus:
“Assegurou-me que sentia um prazer singular em ser honrado sob a figura desse Coração de carne, do qual queria que a Imagem fosse exposta em público, a fim de tocar, por esse meio, o coração insensível dos homens”.
“Prometeu-me que derramaria com profusão, nos corações daqueles que O honrarem, todos os dons de que está pleno o seu Coração e que esta Imagem, em toda a parte onde for entronizada, a fim de ser especialmente honrada, atrairá todas as espécies de bênçãos” (II Obras, p. 627 – Vida, p. 275)
5ª) Promessas de salvação para com todos os que lhe forem devotados e consagrados:
“Eu me sinto toda abismada neste divino Coração. Nele me encontro, como que num abismo profundo, onde me são revelados os tesouros de amor e de graças para com aquelas pessoas que a Ele se consagrarem e se sacrificarem, com o fim de lhe renderem e obterem toda a honra, amor e glória que estiver ao seu alcance.
Ele me confirmou que o prazer que sente em ser amado, conhecido e honrado pelas criaturas é tão grande que Ele me prometeu que todos aqueles que lhe forem devotados consagrados jamais perecerão” (II Obras, p. 300 e 396)
6ª) Para aqueles que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses seguidos:
“Numa primeira sexta-feira, durante a Sagrada Comunhão, Ele disse as seguintes palavras à sua indigna escrava:
‘Eu prometo, na excessiva misericórdia do meu Coração, que este amor todo poderoso concederá a todos aqueles que comungarem, nas primeiras nove sextas-feiras consecutivas de cada mês, a graça da penitência final, que não morrerão na minha desgraça, nem sem receberem os sacramentos e que meu divino Coração será o seu asilo seguro no último momento” (II Obras, p. 397)
Informações: Canção Nova