Neste domingo, dia 16, comemora-se o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Tal comemoração não se deve ao dia do mês, e, sim, ao 6º domingo após o domingo da Páscoa.
A comemoração tem a iniciativa da Igreja Católica e, por ocasião dessa data, o Papa dirige uma mensagem. Grande parte das pessoas, certamente, devem pensar que a importância dessa mensagem se restringe ao âmbito da Igreja Católica, e, portanto, não tem nada a ver com os demais irmãos e irmãs. Porém, quando vamos ao texto, percebemos que não é verdade.
Para que o prezado leitor e a prezada leitora possa constatar o que estou afirmando, trago, aqui, alguns pequenos trechos da mensagem deste ano.
Quem iniciou a comemoração do Dia Mundial das Comunicações foi o Papa São Paulo VI, que esteve à frente, no governo da Igreja Católica, por um período de 15 anos (21/6/1963 – 6/8/1978). Essa primeira comemoração aconteceu em 7 de maio de 1967.
O objetivo do Dia Mundial das Comunicações é chamar a atenção para o vasto e complexo fenômeno dos modernos meios de comunicação social na atualidade. A escolha do 6º domingo após a Páscoa se deve ao fato de que neste específico domingo – que, na Igreja Católica, é o 7º domingo da Páscoa, contando com o próprio domingo de Páscoa – os católicos celebram uma festa muito significativa, chamada Ascensão do Senhor. Conforme os relatos do Novo Testamento, após a sua ressurreição, Jesus foi elevado ao céu, com o seu corpo físico, finalizando o seu ministério na Terra. Tal fato, porém, não significa separação de nós, pois Ele prometeu que estaria conosco até o fim dos tempos e, por isso, deu o mandato aos apóstolos para irem por todo o mundo anunciar a Boa Nova do Evangelho. Evidentemente, tal missão é para todos os cristãos, e não apenas aos que têm uma consagração específica.
É por causa desse mandato, como incumbência dada por Jesus a todos os que querem segui-Lo, que justifica-se, consequentemente, a escolha desse domingo para a comemoração do Dia Mundial das Comunicações Sociais. Tendo, pois, iniciada em 1967, estamos na 55ª edição.
A mensagem do Papa é divulgada já no início do ano, mais especificamente no dia 24 de janeiro, quando se comemora a memória de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, mas tem o seu tema escolhido com mais antecedência ainda. No caso da mensagem deste ano, a divulgação da escolha foi no dia 29 de setembro do ano passado. Vejamos, portanto, como essa mensagem é preparada com muita atenção e carinho. Recapitulando: o tema foi escolhido em 29 de setembro, a mensagem foi divulgada no dia 24 de janeiro e o dia a ser comemorado é neste 16 de maio.
O tema para este ano, nesta 55ª Mensagem, é um versículo tirado do evangelho segundo São João, capítulo 1º: “Vem e vede” (Jo 1,46). São palavras do apóstolo Filipe que, podemos dizer, ocupam um lugar central no Evangelho. Não bastam palavras para fazermos um anúncio cristão, isto é, partilharmos com alguém o que Jesus significa para nós. É preciso ir além, levando em consideração olhares, testemunhos, experiências, encontros e proximidade. Em uma palavra, é necessário vida. Junto ao tema, o Papa colocou um subtítulo: “Comunicar encontrando as pessoas como e onde estão”.
Trazendo o contexto da citação bíblica acima mencionada, escolhida como tema, transcrevo aqui alguns versículos anteriores para nos situarmos melhor: “No dia seguinte, Jesus resolveu partir para a Galileia e encontrou Filipe. Jesus lhe disse: ‘Segue-me’. Filipe era de Betsaida, a cidade de André e Pedro. Filipe encontrou Natanael e lhe disse: ‘Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de José, de Nazaré’. Perguntou-lhe Natanael: ‘De Nazaré pode sair algo de bom?’. Filipe lhe disse: ‘Vinde ver’ (Jo 1, 43-46).
Quando consideramos o momento que estamos vivendo, numa realidade de tanta perturbação e ameaça à saúde humana, em todos os sentidos, o Papa Francisco, nessa iluminadora mensagem, bem atento às consequências desastrosas da pandemia, obrigando-nos, de certa forma, ao comportamento de uma distância social, faz-nos perceber que a comunicação pode tornar possível a necessária e importante proximidade a fim de reconhecer o que é essencial e compreender de fato o significado das coisas.
Só podemos nos aproximar da verdade à medida que fazemos experiência, que favorecemos oportunidades de encontro com as pessoas, participando de suas alegrias e tristezas.
Alguns extratos do texto da mensagem do Papa, penso, merecem, aqui, uma citação literal, porém, sem dúvida, vale a pena lermos a mensagem na sua íntegra, facilmente encontrada na internet, bastando digitarmos “55º Dia Mundial das Comunicações Sociais”.
Afirma o Papa: “Numerosas realidades do planeta – e mais ainda neste tempo de pandemia – dirigem ao mundo da comunicação um convite a ‘ir e ver’. Há o risco de narrar a pandemia ou qualquer outra crise só com os olhos do mundo mais rico, de manter uma ‘dupla contabilidade’. Por exemplo, na questão das vacinas e dos cuidados médicos em geral, pensemos no risco de exclusão que correm as pessoas mais indigentes. Quem nos contará a expectativa de cura nas aldeias mais pobres da Ásia, América Latina e África? Deste modo, as diferenças sociais e econômicas a nível planetário correm o risco de marcar a ordem da distribuição das vacinas anti-Covid, com os pobres sempre em último lugar; e o direito à saúde para todos, afirmado em linha de princípio, acaba esvaziado do seu valor real.”
Em outro parágrafo, Francisco aponta: “Na comunicação, nada pode jamais substituir, de todo, o ver pessoalmente. Algumas coisas só se podem aprender, experimentando-as. Na verdade, não se comunica só com as palavras, mas também com os olhos, o tom da voz, os gestos. O intenso fascínio de Jesus sobre quem O encontrava dependia da verdade da sua pregação, mas a eficácia daquilo que dizia era inseparável do seu olhar, das suas atitudes e até dos seus silêncios. Os discípulos não só ouviam as suas palavras, mas viam-No falar.”
Finalizando sua mensagem, Papa Francisco nos ajuda a rezar com esta oração:
Senhor, ensinai-nos a sair de nós mesmos,
e partir à procura da verdade.
Ensinai-nos a ir e ver,
ensinai-nos a ouvir,
a não cultivar preconceitos,
a não tirar conclusões precipitadas.
Ensinai-nos a ir aonde não vai ninguém,
a reservar tempo para compreender,
a prestar atenção ao essencial,
a não nos distrairmos com o supérfluo,
a distinguir entre a aparência enganadora e a verdade.
Concedei-nos a graça de reconhecer as vossas moradas no mundo
e a honestidade de contar o que vimos.
Dom Luiz Gonzaga Fechio