Querida irmã e querido irmão, chegamos ao precioso Tempo Pascal, com o Domingo maior, o Domingo de todos os domingos e todos os dias, o Domingo por excelência! Não existiria domingo, sem o fato que celebramos no Domingo, “Dia do Senhor”, no mais alto grau! “Este é o dia que o Senhor fez para nós! Alegremo-nos e n’Ele exultemos!” (Salmo 117). Aleluia! O Senhor ressuscitou!
Mas, se procuramos vivenciar com mais profundidade o que a liturgia nos propôs ao longo de toda a Quaresma e, particularmente, na Semana Santa, percebemos que não tem como celebrarmos bem a Páscoa sem considerar todo um caminho feito de uma vida que foi só dom e serviço em favor dos outros.
Não há vida sem morte! Basta observarmos a transformação de uma sementinha. Porém, esta morte não é para o mal, e sim, o bem; aliás, é justamente para diminuir a força do mal, e, se possível, destruí-lo. Da parte de Deus, isto já se deu com o acontecimento que a liturgia do Domingo Pascal nos propõe como referência mais importante a todo o nosso viver.
Jesus “passou pelo mundo fazendo o bem”, conforme vemos no texto de At 10,34a.37-43, e, por absoluto amor, consumou tudo na Cruz. O que isto diz para mim e para você? Estamos neste mundo para passar fazendo o quê? Acreditamos, verdadeiramente, no parâmetro de Jesus? Ou ficamos, simplesmente, numa admiração que não nos compromete? Existe compromisso, qualquer que seja, que valha a pena, sem oferta de vida? Essa oferta é possível sem doação, sem “exercício” contínuo de morte por amor? Em meu ministério, dentro da vida consagrada, e em sua vida familiar, social, profissional, como cristão e cristã, é possível acontecer Páscoa sem Cruz?
Por aquilo que costumamos ver e mostrar em muitas das nossas atitudes, nossa lógica orienta-se para o jeito de ser de Pedro, conforme o evangelho de Jo 20,1-9: parece que a partilha do amor até à morte não merece crédito, pois conduz ao fracasso. No entanto, o “outro discípulo” demonstra tal sintonia com Jesus, que corre ao seu encontro com vontade e compreende, pelos sinais evidentes, que o Senhor está vivo! Sem julgarmos Pedro, não podemos deixar de reconhecer que o “outro” – aqui, sem nome – traz em si a imagem do discípulo ideal, isto é, daquele que é modelo do homem novo.
Nossa Igreja – consequentemente, nossa amada Diocese de Amparo, nossas Foranias, Paróquias, Comunidades, Pastorais e Movimentos – precisa de homens novos, na pessoa de cada um e cada uma, batizado e batizada na mesma fé no Crucificado e Ressuscitado, para mostrar, nas pequenas coisas, a força desta maior Vitória e conquista do mundo!
Desejando expressar-me com sincera proximidade, num coração de pastor, faço votos de proveitoso Tempo Pascal em sua vida!
+Dom Luiz Gonzaga Fechio
Bispo Diocesano de Amparo